Programa da Globo passa vexame e tem pior audiência em 15 anos


 Na última quinta-feira, dia 19, Renata Lo Prete, jornalista veterana e âncora do Jornal da Globo, enfrentou um dos maiores desafios em sua carreira no telejornalismo noturno: uma drástica queda de audiência causada pela exibição dos melhores momentos do Rock in Rio. Acostumada a começar seu programa mais tarde durante os meses de exibição do Big Brother Brasil, Lo Prete já tem familiaridade com horários incomuns para ir ao ar, mas a concorrência com o festival de música resultou no pior desempenho de audiência do Jornal da Globo em 15 anos. De acordo com os dados da Kantar Ibope Media, o telejornal registrou apenas 3,5 pontos de audiência na Grande São Paulo, entre 1h44 e 2h26.


Esse resultado surpreendeu tanto os executivos da emissora quanto o público fiel do jornal, marcando o menor índice de audiência desde 10 de novembro de 2009, quando um apagão afetou 18 estados e prejudicou a medição do Ibope. Excluindo esse evento atípico, o recorde negativo anterior era de 3,9 pontos, registrado em 21 de abril de 2015. Para se ter uma noção do impacto, cada ponto de audiência na região da Grande São Paulo corresponde a 73.279 domicílios. Isso significa que, durante a transmissão do Jornal da Globo na quinta-feira, menos de 256 mil lares estavam sintonizados no noticiário.


A disputa com o Rock in Rio


Embora o Jornal da Globo tenha sofrido com a baixa audiência, o Rock in Rio, um dos maiores eventos musicais do mundo, brilhou na programação da TV Globo e foi o principal responsável pela queda do telejornal. A exibição dos melhores momentos do festival, que foi ao ar das 23h39 até 1h44, registrou uma média de 4,9 pontos de audiência na mesma região, um número considerável para o horário. A maratona musical atraiu um grande público que ficou sintonizado até tarde da noite, prejudicando o desempenho do jornalismo noturno da emissora.


Além do Rock in Rio, outros programas concorrentes se beneficiaram da divisão de público na madrugada. Na Record TV, por exemplo, a final de A Fazenda 16 chegou a liderar a audiência por cinco minutos, registrando uma média de 6,1 pontos entre 22h41 e 0h07. Outro destaque da noite foi o humorístico A Praça é Nossa, transmitido pelo SBT das 23h26 às 0h58, que marcou 4,7 pontos de audiência e chegou a ocupar a liderança por três minutos.


Renata Lo Prete e o impacto no Jornal da Globo


Renata Lo Prete, âncora do Jornal da Globo desde 2017, é uma das mais respeitadas jornalistas do país. Com uma vasta carreira que inclui passagens pela Folha de S.Paulo e a condução do Painel da GloboNews, Lo Prete é reconhecida por sua abordagem analítica e postura imparcial frente aos principais acontecimentos do Brasil e do mundo. Apesar disso, o jornal apresentado por ela não conseguiu competir com a programação musical e de entretenimento da noite de quinta-feira, refletindo um desafio constante para o jornalismo televisivo em tempos de grandes eventos ao vivo e reality shows.


Em situações como essas, o jornalismo acaba sendo prejudicado, uma vez que o público tende a preferir programas de entretenimento mais leves ou eventos grandiosos como o Rock in Rio. Lo Prete, que já está acostumada com a flexibilidade de horários devido à cobertura do BBB, agora enfrentou um novo rival de peso no Rock in Rio, e o resultado foi uma significativa perda de audiência.


Tendências e desafios do telejornalismo


A queda histórica no desempenho de audiência do Jornal da Globo levanta questões sobre o futuro do telejornalismo, especialmente em horários noturnos. Em um cenário cada vez mais dominado por plataformas de streaming, redes sociais e conteúdos sob demanda, o público tem à disposição uma variedade de opções que competem diretamente com a programação tradicional da TV aberta. O telejornalismo, em especial, enfrenta o desafio de manter-se relevante em meio à oferta diversificada de entretenimento.


Com eventos ao vivo e reality shows dominando os horários nobres e, como no caso do Rock in Rio, até mesmo as madrugadas, os telejornais acabam sofrendo. O fato de o Jornal da Globo ser transmitido após a meia-noite agrava ainda mais esse cenário, já que muitos espectadores podem preferir consumir notícias pela manhã ou buscar informações online durante o dia, ao invés de esperar até tarde para assistir ao jornal.


O impacto da concorrência é especialmente visível em eventos como o Rock in Rio, que mobilizam não apenas os telespectadores, mas também as redes sociais, onde fãs do festival compartilham momentos ao vivo e comentam as apresentações. Isso cria uma atmosfera de "evento" que atrai a atenção de milhões de pessoas, deixando o jornalismo tradicional em segundo plano.


Perspectivas futuras


Apesar desse resultado negativo, a TV Globo já está acostumada a enfrentar oscilações de audiência causadas por eventos excepcionais. A emissora, que tem uma das programações mais robustas e variadas da TV brasileira, continuará apostando em coberturas ao vivo e no jornalismo de qualidade. Além disso, eventos como o Rock in Rio são sazonais, e a queda na audiência do Jornal da Globo em uma noite específica não deve comprometer a trajetória geral do telejornal.


Renata Lo Prete, por sua vez, segue como um dos principais nomes do jornalismo da emissora e certamente continuará a enfrentar esses desafios com a competência que lhe é característica. Com a chegada de novos formatos de jornalismo digital e a migração de parte do público para plataformas online, o futuro do Jornal da Globo dependerá da capacidade da emissora de inovar e se adaptar às novas demandas de consumo de conteúdo.


A cobertura de grandes eventos ao vivo, como o Rock in Rio, continuará a ser um desafio para os telejornais tradicionais. No entanto, com a evolução das estratégias de programação e o investimento em conteúdos que atraiam um público diversificado, a TV Globo poderá manter sua relevância no cenário competitivo da televisão brasileira.


Em suma, a queda de audiência do Jornal da Globo na quinta-feira passada marca um momento crítico para o telejornalismo, mas também abre uma oportunidade para refletir sobre o que pode ser feito para equilibrar a concorrência com grandes eventos e novos formatos de entretenimento. Enquanto isso, Renata Lo Prete e sua equipe certamente continuarão a trabalhar para trazer notícias relevantes e de qualidade para o público que busca se manter informado, independentemente das oscilações de audiência.
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