Na manhã desta segunda-feira (30), Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, negou enfaticamente o uso de drogas durante um debate promovido pela Folha de S.Paulo e pelo UOL. A declaração foi feita após um questionamento do também candidato Pablo Marçal (PRTB), que insinuou que Boulos seria usuário de cocaína. Boulos, por sua vez, rebateu as alegações e esclareceu que, embora tenha experimentado maconha uma única vez na adolescência, não faz uso de drogas atualmente.
Debate Acalorado e Acusações Diretas
O debate, que reuniu os principais candidatos à prefeitura da maior cidade do Brasil, ganhou um tom mais polêmico quando Pablo Marçal, empresário e candidato pelo PRTB, questionou diretamente o passado de Boulos em relação ao uso de entorpecentes. Marçal, conhecido por seu estilo confrontador, afirmou que havia rumores sobre o uso de drogas por parte de Boulos, insinuando especificamente o consumo de cocaína durante a campanha eleitoral.
A acusação, porém, foi rapidamente rechaçada pelo candidato do PSOL. "Nunca usei cocaína. Para que fique muito claro, não uso drogas", disse Boulos. Ele aproveitou a oportunidade para detalhar um episódio isolado em que teria experimentado maconha durante sua adolescência. "Já que ele [Marçal] quer saber, maconha eu provei uma vez, na adolescência, e me deu uma dor de cabeça danada. Nunca mais. Quem me conhece sabe muito bem disso", completou o psolista, deixando claro que a experiência foi única e não repetida.
Um Passado Transparente
O relato de Boulos sobre o uso de maconha na juventude chamou atenção não só pela sinceridade, mas também pelo fato de ele abordar um tema que, embora comum entre muitos brasileiros, ainda gera controvérsias. Ao admitir o uso da substância, Boulos procurou se distanciar do estigma de usuário de drogas, reforçando que o episódio foi pontual e que ele jamais utilizou substâncias ilícitas como a cocaína.
"Isso aconteceu há muitos anos, na minha adolescência, quando ainda estava descobrindo a vida e experimentando coisas, como muitos jovens fazem. Mas aquilo me trouxe uma dor de cabeça insuportável, e nunca mais usei qualquer droga", reiterou Boulos. Com essa declaração, o candidato procurou encerrar o assunto e afastar as insinuações feitas por Marçal, que durante o debate insistia em associá-lo ao consumo de entorpecentes.
A Questão das Drogas no Debate Político
A tentativa de Pablo Marçal em vincular Boulos ao uso de cocaína reflete uma estratégia que, embora polêmica, é frequentemente utilizada em campanhas eleitorais. Acusações envolvendo o uso de drogas tendem a desviar o foco do debate das propostas concretas e exploram preconceitos arraigados na sociedade. Em São Paulo, uma cidade marcada por altos índices de criminalidade e pelo impacto social do tráfico de drogas, esse tipo de acusação pode ganhar ainda mais peso.
No entanto, Boulos pareceu lidar com a situação com transparência, utilizando a acusação como uma oportunidade para reiterar seu compromisso com a ética e a transparência política. Ao reconhecer o uso de maconha no passado, ele se mostrou vulnerável e humano, algo que pode ressoar positivamente entre os eleitores mais jovens e aqueles que apoiam uma abordagem mais liberal em relação às drogas.
Por outro lado, a insistência de Marçal em focar nesse aspecto pode gerar efeitos adversos. Embora a acusação sobre o uso de cocaína tenha como objetivo minar a imagem de Boulos, ela pode ser vista como uma tentativa desesperada de desviar a atenção das discussões mais relevantes, como as políticas públicas para a cidade de São Paulo, o combate à desigualdade e a crise habitacional — temas centrais na campanha de Boulos.
Maconha e a Política Brasileira
O uso de maconha no Brasil ainda é um tema polêmico, tanto na sociedade quanto no ambiente político. Embora o país tenha visto alguns avanços no debate sobre a descriminalização da substância, a regulamentação do uso recreativo e medicinal da maconha ainda enfrenta grande resistência. A admissão de Boulos de que experimentou a droga uma vez na adolescência pode reacender discussões sobre o uso recreativo de substâncias ilícitas, especialmente em uma cidade como São Paulo, onde o tráfico de drogas é um problema grave em várias regiões periféricas.
Enquanto alguns políticos defendem a criminalização rigorosa de todas as drogas, outros, como Boulos, têm uma postura mais flexível, voltada para a redução de danos e a descriminalização de usuários, especialmente no que diz respeito à maconha. A sinceridade com que o candidato abordou o tema pode ser vista como uma tentativa de abrir um diálogo mais amplo sobre o uso de drogas no Brasil, sem cair em estigmas ou moralismos.
Estratégia Eleitoral e Repercussão nas Redes Sociais
Após o debate, a declaração de Boulos rapidamente repercutiu nas redes sociais. Enquanto seus apoiadores elogiaram sua honestidade e transparência, críticos aproveitaram o momento para reforçar a narrativa de que o candidato seria "favorável às drogas". O episódio, entretanto, pareceu não abalar a confiança de Boulos em sua campanha, que tem como principais bandeiras a defesa dos direitos humanos, o combate à desigualdade social e a promoção de políticas públicas inclusivas.
O uso de estratégias baseadas em "auto CPC" — Custo por Clique, termo comum no marketing digital — foi rapidamente acionado por ambas as campanhas para maximizar a visibilidade dos trechos mais polêmicos do debate. A acusação de Marçal e a resposta de Boulos ganharam espaço nas principais redes sociais, como Twitter, Facebook e Instagram, onde discussões sobre o uso de drogas e a vida pessoal dos candidatos dominaram os trending topics por algumas horas.
Além disso, blogs políticos e sites de notícias especializados em política local e nacional logo publicaram análises sobre o impacto da declaração de Boulos. Palavras-chave como "Boulos maconha", "Boulos nega uso de drogas", "Boulos cocaína", e "debate Boulos Marçal" passaram a liderar as buscas relacionadas ao debate eleitoral em São Paulo, ampliando a visibilidade do tema na internet.
Conclusão: Um Debate que Vai Além do Uso de Drogas
A declaração de Guilherme Boulos sobre o uso de maconha na adolescência trouxe à tona questões que vão além do simples uso de drogas. Ela reflete uma disputa política marcada por acusações pessoais, mas também pela necessidade de discutir temas mais profundos sobre a saúde pública, a segurança e o papel das drogas na sociedade brasileira.
Enquanto Pablo Marçal tentou usar o tema para enfraquecer seu adversário, Boulos transformou a situação em uma oportunidade de reafirmar sua transparência e sua visão de mundo. Em uma campanha marcada por desafios e polarizações, episódios como esse mostram como os candidatos precisam navegar em um ambiente político cada vez mais complexo, onde cada palavra pode ter um impacto profundo na percepção dos eleitores.
Como o debate eleitoral segue aquecido, resta saber como essa troca de acusações influenciará a corrida pela Prefeitura de São Paulo e como os eleitores vão interpretar a postura de cada candidato.