Após o desempenho abaixo do esperado nas eleições municipais de 2024, o Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já começou a reestruturar suas alianças e estratégias visando as eleições gerais de 2026. O revés eleitoral, embora não tenha afetado diretamente a liderança de Lula no cenário nacional, levantou preocupações dentro da legenda sobre sua capacidade de manter sua influência nas esferas estaduais e, consequentemente, na corrida presidencial futura. O foco agora está em reorganizar as chapas e fortalecer a presença do partido nos estados.
Um dos estados onde as movimentações internas já começaram com força é a Bahia, um dos principais redutos eleitorais do PT, onde Lula obteve 72% dos votos no segundo turno da eleição presidencial de 2022. A base política baiana, historicamente controlada por líderes petistas, agora se encontra no centro de uma "dança das cadeiras" com vistas à composição de uma chapa forte para 2026. As discussões incluem não apenas a escolha dos candidatos, mas também a formação de alianças estratégicas com outros partidos.
Na Bahia, uma mudança significativa já está sendo articulada. O senador Angelo Coronel, do Partido Social Democrático (PSD), que compôs a chapa majoritária com o atual governador Jeronimo Rodrigues (PT), está de saída. A saída de Coronel já é vista como inevitável pelos petistas baianos, que não acreditam que sua ausência impactará negativamente a força da chapa. Coronel é considerado por alguns como "ausente" em sua atuação política, e sua retirada abre caminho para outros nomes que, segundo as lideranças do partido, teriam maior representatividade.
O substituto de Coronel já está praticamente definido: Rui Costa, atual chefe da Casa Civil e ex-governador da Bahia. Costa tem grande popularidade no estado e sua entrada na disputa pelo Senado em 2026 é considerada uma jogada estratégica para garantir que o PT continue a dominar a política baiana. Além de Costa, outro nome forte na política estadual, o senador licenciado Jaques Wagner, também já manifestou interesse em concorrer à reeleição, o que deixa pouco espaço para manobras dentro do partido.
O PSD, no entanto, não parece disposto a sair completamente da chapa majoritária. Angelo Coronel, em conversas com aliados, afirmou que, devido à sua longa carreira política, não aceitaria ser relegado ao cargo de vice-governador, um posto que, atualmente, está sendo disputado pelo partido Avante. O que se desenha, portanto, é uma reconfiguração de forças no cenário político baiano, com o PT buscando manter seu domínio e, ao mesmo tempo, garantir o apoio de aliados estratégicos.
As movimentações na Bahia são apenas um reflexo de um cenário mais amplo que se desenrola em outros estados do país. No entanto, as perspectivas para o PT nas eleições de 2026 não são animadoras. Muitos estados enfrentam dificuldades para encontrar nomes competitivos que possam concorrer a cargos no Senado, governadorias ou até mesmo para compor chapas como vice-governadores. A escassez de candidatos de peso, segundo analistas, pode ter um impacto direto nas eleições presidenciais, enfraquecendo a base de apoio do partido e reduzindo suas chances de sucesso.
Esse cenário é especialmente preocupante para Lula, que busca garantir uma sucessão forte em 2026. Embora seu governo ainda conte com altos índices de aprovação em algumas regiões, o desgaste político enfrentado pelo PT em certas áreas, combinado com o crescimento de forças políticas de oposição, torna o futuro incerto. A fragmentação de alianças e a falta de renovação de lideranças regionais são desafios que o partido terá que enfrentar nos próximos anos.
Outro ponto de preocupação para o PT é a relação com seus tradicionais aliados. Partidos como o PSD, que sempre foram importantes para a composição de chapas majoritárias, começam a demonstrar maior independência e a buscar alternativas para não depender exclusivamente da máquina petista. A saída de figuras como Angelo Coronel pode ser um sinal de que essa relação está se enfraquecendo, forçando o PT a buscar novas alianças ou fortalecer as existentes com partidos menores, como o Avante, que também tem ganhado espaço em algumas regiões.
O partido agora concentra seus esforços em reestruturar suas bases e garantir que os erros das eleições municipais não se repitam em 2026. A definição de candidatos competitivos para o Senado, governadorias e outros cargos majoritários será crucial para o sucesso do PT. Além disso, Lula e sua equipe terão que trabalhar arduamente para manter o apoio popular, ao mesmo tempo em que buscam consolidar alianças em um cenário político cada vez mais fragmentado.
As próximas eleições são vistas por muitos como um teste decisivo para o PT, que, após o revés de 2024, precisa provar que ainda tem força para liderar o país. As movimentações já em curso na Bahia são apenas o começo de um longo processo de reformulação dentro do partido, que promete intensificar-se nos próximos meses à medida que 2026 se aproxima.