O segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo começou com grande agitação política e troca de acusações. Guilherme Boulos, candidato pelo PSOL, deu início ao seu discurso com uma declaração polêmica, que logo foi desmentida pela revista VEJA. O episódio ocorreu durante um debate promovido pela CBN, O Globo e Valor Econômico, no dia 10 de outubro. Durante o evento, Boulos tentou justificar a ausência de seu adversário, Ricardo Nunes, do MDB, criticando a cadeira vazia reservada ao atual prefeito de São Paulo. No entanto, a situação se complicou quando Boulos, ao ser confrontado pela jornalista Vera Magalhães, também teve que explicar sua ausência em um debate anterior promovido pela VEJA, ocorrido em 19 de agosto.
Na tentativa de justificar sua falta no evento da VEJA, Boulos afirmou que a ausência se deu devido à falta de garantias por parte dos organizadores para assegurar um debate tranquilo e sem incidentes. Segundo ele, as regras do debate não evitariam situações de "baixaria", e por isso ele decidiu não comparecer. Contudo, a VEJA rapidamente desmentiu essa versão dos fatos, publicando um esclarecimento que afirmava que todas as garantias necessárias para o bom andamento do debate haviam sido fornecidas previamente a todas as campanhas participantes, incluindo a de Boulos. A revista revelou que o próprio assessor do candidato, José Jacinto do Amaral, havia confirmado a presença de Boulos e concordado com as regras do debate. Diante dessa situação, ficou claro que a justificativa apresentada por Boulos no debate de outubro não condizia com a realidade.
O que piorou ainda mais a situação para Boulos foi a revelação de que sua ausência no debate da VEJA, na verdade, tinha outro motivo. Segundo fontes ligadas ao evento, a campanha de Boulos optou por não participar do debate para evitar um novo encontro com Pablo Marçal, candidato do PRTB, que havia gerado momentos de tensão nos debates anteriores. Em um dos confrontos anteriores, transmitido pela TV Band, Marçal chegou a exibir uma carteira de trabalho a Boulos, provocando uma reação descontrolada do candidato do PSOL, que tentou derrubar o documento. Esse comportamento polêmico gerou grande repercussão e, ao que tudo indica, a campanha de Boulos preferiu evitar um novo embate com Marçal em um ambiente controlado como o da VEJA.
A VEJA também destacou que as regras para o debate de agosto foram estabelecidas com antecedência e eram rigorosas. Entre elas, estava a proibição do uso de celulares pelos candidatos, a filmagem e fotografia do debate pelas campanhas, bem como a apresentação de documentos pelos participantes durante o evento. Além disso, o local escolhido para o debate, a ESPM, na Vila Mariana, oferecia toda a segurança necessária, com profissionais contratados para garantir a organização e controlar o fluxo de pessoas no estúdio. A participação foi limitada a três assessores por candidato, que também estavam impedidos de utilizar seus celulares. Ou seja, o ambiente estava preparado para garantir um debate civilizado e sem incidentes.
O evento contou com a participação de três candidatos: Tabata Amaral, do PSB, Pablo Marçal, do PRTB, e Marina Helena, do Novo. Segundo a organização, o debate ocorreu sem problemas, com os candidatos discutindo suas propostas de forma respeitosa e com foco nos temas que interessam à população de São Paulo. Não houve nenhum incidente que justificasse a alegação de Boulos de que as garantias de segurança eram insuficientes.
A campanha de Ricardo Nunes também se manifestou sobre o episódio. Em nota, a assessoria de Nunes negou que a ausência do prefeito no debate da VEJA tivesse relação com qualquer problema de segurança ou organização. Segundo a campanha, a decisão de não participar foi puramente estratégica, e lamentaram as acusações infundadas feitas por Boulos no debate promovido pela CBN. A equipe de Nunes reafirmou que todas as garantias de segurança haviam sido fornecidas pela VEJA e que a ausência do prefeito não estava relacionada a nenhum tipo de receio em relação ao ambiente ou à organização do evento.
A VEJA também lamentou o fato de que um candidato que tem se posicionado como defensor da ética e que tem se queixado frequentemente sobre a disseminação de fake news tenha utilizado uma mentira para justificar sua ausência no debate. A revista destacou que é especialmente preocupante que Boulos tenha recorrido a esse tipo de estratégia para encobrir suas decisões passadas, o que coloca em dúvida sua postura de paladino da verdade e da mudança na política.
Ao ser questionada pela VEJA sobre as declarações de Boulos, a assessoria do PSOL enviou uma nota reafirmando a posição do candidato. Afirmaram que, apesar das regras acordadas, ainda havia preocupações com a segurança no evento, o que motivou a ausência de Boulos. Além disso, a assessoria do candidato garantiu que ele participaria de todos os debates e sabatinas no segundo turno, destacando a importância de discutir o futuro da cidade de São Paulo com seriedade e compromisso. No entanto, o estrago já estava feito, e a mentira de Boulos ganhou destaque no cenário político, prejudicando sua imagem logo no início do segundo turno.