A primeira pesquisa do segundo turno para a eleição de prefeito de São Paulo trouxe resultados surpreendentes e inesperados para muitos. O levantamento, realizado pelo instituto Datafolha, revela uma ampla vantagem para o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) sobre o candidato do PSOL, Guilherme Boulos. A distância entre os dois candidatos chama atenção, principalmente pelo fato de ambos terem encerrado o primeiro turno praticamente empatados.
De acordo com os números da pesquisa estimulada, Ricardo Nunes aparece com 55% das intenções de voto, enquanto Guilherme Boulos soma 33%. O número de eleitores que declaram votar em branco, nulo ou em nenhum dos candidatos chega a 10%, e 2% ainda não sabem em quem votar. Esses números indicam que, ao menos por enquanto, Nunes conseguiu captar uma parcela significativa dos votos indecisos ou daqueles que haviam escolhido outros candidatos no primeiro turno.
Esse resultado é considerado "inimaginável" por analistas políticos, já que o primeiro turno foi marcado por uma disputa acirrada entre os dois candidatos, sem uma diferença expressiva nas urnas. A vantagem de Nunes na nova pesquisa, que aponta uma diferença de 22 pontos percentuais, sugere uma mudança no cenário eleitoral, e levanta questionamentos sobre o que teria motivado essa virada expressiva.
Ricardo Nunes, que assumiu a prefeitura após a saída de Bruno Covas e foi eleito para seu próprio mandato em 2020, tem investido fortemente em uma campanha que destaca a continuidade de suas políticas e a manutenção de projetos que já estão em andamento na cidade. Ele também tem buscado enfatizar a importância da estabilidade administrativa em um momento de recuperação econômica, após os desafios trazidos pela pandemia de COVID-19. Nunes, embora não tenha o mesmo carisma que alguns de seus adversários, parece ter conseguido convencer uma parcela significativa do eleitorado sobre sua capacidade de governar São Paulo de forma eficiente e pragmática.
Por outro lado, Guilherme Boulos, que representa uma agenda mais progressista, vem enfrentando dificuldades para ampliar sua base de apoio. Apesar de ser uma figura popular em alguns setores da esquerda, Boulos não conseguiu, até o momento, atrair o eleitorado mais moderado ou os indecisos que poderiam fazer a diferença neste segundo turno. Sua campanha tem focado em temas como justiça social, moradia e meio ambiente, mas esses assuntos, embora importantes, parecem não ter ressoado com a força esperada junto ao eleitorado paulistano, que talvez esteja buscando mais segurança e continuidade em tempos de incerteza econômica.
Outro ponto que pode ter pesado contra Boulos é a alta rejeição que ele enfrenta em determinados setores da população. Suas posições mais radicais e sua trajetória como líder de movimentos sociais podem ter gerado resistência entre eleitores mais conservadores ou aqueles que preferem uma administração menos ideológica. Isso se reflete nos 10% de votos brancos e nulos, que, somados aos 2% de indecisos, ainda poderiam alterar o cenário, mas que dificilmente seriam suficientes para reverter a diferença expressiva apresentada pela pesquisa.
Para muitos analistas, a performance de Boulos no segundo turno dependerá de sua capacidade de alterar o discurso e conquistar eleitores que, até o momento, não se identificam com suas propostas. Ele precisará também de uma estratégia de campanha mais assertiva para enfrentar o favoritismo crescente de Nunes, que conta com o apoio de importantes lideranças políticas e empresariais da cidade.
Por sua vez, Nunes deve continuar reforçando sua imagem de gestor experiente e confiável, aproveitando a larga vantagem apontada pela pesquisa para consolidar ainda mais sua candidatura. O prefeito tem enfatizado sua experiência à frente da administração municipal e o que considera suas realizações nos últimos anos, como melhorias na infraestrutura urbana e programas de assistência social. A mensagem de estabilidade e continuidade pode estar ressoando bem com os eleitores, especialmente aqueles que temem mudanças bruscas na administração da maior cidade do país.
A campanha de Boulos, entretanto, não está esgotada. Há ainda um caminho até o dia da eleição, e debates ou eventos inesperados podem influenciar a opinião pública. Além disso, é comum que os índices de indecisos diminuam à medida que a votação se aproxima, e um movimento nesse sentido poderia alterar o cenário. No entanto, a diferença atual, se mantida, pode significar uma vitória tranquila para Ricardo Nunes.
O que fica claro é que os próximos dias serão decisivos para ambos os candidatos. Enquanto Nunes buscará manter sua posição de liderança, Boulos precisará de uma estratégia de campanha mais eficaz para reduzir a vantagem do adversário. O resultado final, como sempre, dependerá do comportamento dos eleitores até o dia da votação, mas, se os números do Datafolha se confirmarem, a disputa pela prefeitura de São Paulo parece estar caminhando para um desfecho favorável ao atual prefeito.