Uma nova pesquisa realizada pelo Instituto PoderData, divulgada na manhã desta quarta-feira (16) no site Poder 360, revela uma oscilação na opinião dos eleitores sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O levantamento, conduzido entre os dias 12 e 14 de outubro de 2024, aponta que 46% dos eleitores declaram desaprovar a atual gestão petista. Esse número representa uma subida de 3 pontos percentuais em relação ao último levantamento, realizado no final de julho, quando a taxa de desaprovação era de 43%.
O aumento da desaprovação coloca o governo Lula em uma situação delicada, pois agora o percentual de eleitores que não aprovam a administração presidencial é exatamente o mesmo daqueles que manifestam aprovação, também com 46%. Em julho, o cenário era mais favorável ao presidente, com a aprovação superando a desaprovação em 3 pontos percentuais. No entanto, a recente pesquisa demonstra que as avaliações se igualaram, indicando uma polarização entre os eleitores quanto ao desempenho de Lula à frente do país.
O gráfico apresentado pela pesquisa PoderData ilustra a trajetória da aprovação e desaprovação do governo desde o início do mandato de Lula, em janeiro de 2023. Naquele momento, logo após o presidente assumir o Palácio do Planalto, a aprovação estava 13 pontos percentuais acima da desaprovação, o que sinalizava uma base sólida de apoio ao início de sua gestão. No entanto, desde então, essa diferença foi progressivamente diminuindo, até atingir o empate atual. A pesquisa sugere que a curva de desaprovação tem crescido de forma consistente ao longo dos meses, ao passo que a aprovação parece ter se mantido em patamares mais estáveis, sem grandes oscilações.
Esse empate técnico entre os que aprovam e desaprovam o governo Lula reflete um cenário de forte divisão na opinião pública. O período recente de governança tem sido marcado por desafios econômicos e políticos, com impactos diretos na percepção dos eleitores. A alta inflação, dificuldades no controle fiscal e tensões entre o Executivo e o Legislativo têm sido alguns dos fatores que podem ter contribuído para o aumento da insatisfação. Além disso, há uma percepção crescente de que o governo não tem sido capaz de entregar as promessas de campanha em ritmo esperado, o que pode estar minando a confiança de parte do eleitorado.
Por outro lado, o mesmo levantamento indica que uma parcela significativa da população ainda acredita no potencial de recuperação do governo. Entre os que aprovam a gestão de Lula, há um reconhecimento de que as dificuldades enfrentadas são, em parte, reflexo do cenário global e das heranças deixadas pelas administrações anteriores. Além disso, os defensores do governo destacam os esforços para manter programas sociais e garantir a continuidade de políticas públicas voltadas para a redução da desigualdade e o combate à fome, elementos centrais no discurso de campanha do presidente.
Outro aspecto relevante apontado pela pesquisa é a estabilidade dos números de aprovação e desaprovação em relação ao perfil dos entrevistados. A desaprovação é mais expressiva entre eleitores de renda mais alta e escolaridade superior, enquanto a aprovação tende a ser maior entre os segmentos de menor renda e menor grau de instrução. Essa divisão de perfis reflete, em parte, as tradicionais bases eleitorais do Partido dos Trabalhadores, que historicamente encontra maior apoio nas classes populares.
Em termos regionais, o Nordeste continua sendo o principal bastião de apoio ao presidente Lula, enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam uma maior resistência à sua gestão, com índices de desaprovação mais elevados. No entanto, o crescimento da desaprovação, mesmo em regiões onde o presidente sempre manteve altos índices de apoio, como o Nordeste, pode indicar que a insatisfação está se espalhando de forma mais ampla pelo país.
Com a aproximação de dois anos de mandato, o governo Lula enfrenta um momento crítico, onde as pressões internas e externas se acumulam. A economia, em particular, será um dos principais pontos de atenção para o presidente nos próximos meses, já que os indicadores econômicos serão fundamentais para reconquistar a confiança dos eleitores. Além disso, a habilidade do governo em articular-se com o Congresso e avançar em reformas estruturantes será decisiva para mudar a percepção pública e, eventualmente, reverter o quadro de estagnação na aprovação.
A pesquisa PoderData mostra, portanto, um retrato de uma gestão que, apesar de ainda contar com apoio relevante, precisa lidar com um eleitorado cada vez mais dividido e exigente. O desafio do governo será transformar as críticas em oportunidades de aprimoramento e, assim, reconquistar a confiança de uma parcela do eleitorado que, por ora, se mostra insatisfeita com os rumos do país.