O senador Flávio Bolsonaro, em um pronunciamento feito após as eleições municipais de 2024, anunciou que a próxima fase da atuação política de seu grupo será no Congresso Nacional, com foco na luta pela anistia aos chamados "injustiçados do 8 de janeiro". O parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, destacou o desempenho positivo do Partido Liberal (PL) nas eleições para vereadores em todo o Brasil, afirmando que a centro-direita saiu fortalecida do pleito, apesar das tentativas da "velha imprensa" de minimizar o papel de seu pai no processo eleitoral.
Flávio Bolsonaro afirmou que, mesmo com as críticas e ataques direcionados a Jair Bolsonaro, o ex-presidente continua sendo uma figura central e vitoriosa no cenário político brasileiro. Para ele, as vitórias do PL refletem o apoio popular ao bolsonarismo e às pautas conservadoras defendidas por seu grupo político. "O PL sai muito fortalecido dessas eleições", destacou o senador, expressando sua satisfação com os resultados e agradecendo o apoio da população aos candidatos aliados.
O ponto mais destacado de seu discurso foi o anúncio de que a próxima batalha será no Congresso Nacional, onde ele e seus aliados se dedicarão à luta pela anistia de todos aqueles que, segundo ele, foram injustamente perseguidos e condenados em decorrência dos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. Essa data faz referência ao episódio em que manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, em protesto contra os resultados das eleições presidenciais de 2022. Desde então, várias pessoas envolvidas nos atos têm enfrentado processos judiciais, prisões e outras penalidades.
Flávio Bolsonaro criticou a condução dos processos relacionados aos manifestantes, afirmando que muitas dessas pessoas estão sendo tratadas de forma injusta, sem direito a uma defesa adequada e sendo vítimas de perseguições judiciais e políticas. Para ele, a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é um dos principais pontos de preocupação, com o que classificou como uso abusivo de medidas como inquéritos secretos, prisões políticas e apreensão de bens.
O senador ressaltou que a luta pela anistia é uma questão de justiça para essas pessoas e também para seu pai, Jair Bolsonaro, que foi declarado inelegível em um processo que, segundo ele, foi conduzido de maneira arbitrária e injusta. "A gente tem a convicção de que vai conseguir fazer isso, talvez esse ano ainda, para que a gente, enfim, faça justiça a essas pessoas e também ao presidente Bolsonaro", afirmou, deixando claro que sua prioridade no Congresso será buscar formas de reverter as decisões judiciais que atingem tanto os manifestantes quanto seu pai.
A fala de Flávio Bolsonaro também refletiu uma crítica às investigações conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, em especial a prática conhecida como "fishing expedition". Esse termo refere-se à busca indiscriminada por qualquer indício que possa incriminar uma pessoa ou grupo, mesmo sem provas iniciais claras. De acordo com o senador, essa prática tem sido utilizada contra adversários políticos do ministro, incluindo veículos de imprensa independentes e apoiadores de Jair Bolsonaro, em uma tentativa de cercear a liberdade de expressão e controle da informação.
O senador mencionou que a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, já havia denunciado o uso dessa técnica nos inquéritos conduzidos por Moraes, criticando a forma como os processos são conduzidos com base em suposições e não em fatos concretos. Para Flávio, esse tipo de investigação vai contra os princípios do direito e representa uma grave ameaça às liberdades civis no Brasil. "Na conjuntura jurídica atual do Brasil, muitas pessoas estão sendo tratadas como sub-cidadãos e sub-humanos", afirmou o senador, denunciando o que vê como perseguição política e judicial.
Flávio Bolsonaro também ressaltou o papel da imprensa na perpetuação dessa prática, acusando a "velha imprensa" de colaborar com a criminalização de adversários políticos. Ele afirmou que matérias publicadas por veículos tradicionais muitas vezes são utilizadas como base para a abertura de inquéritos e a tomada de medidas judiciais contra cidadãos e empresas, sem que haja uma investigação adequada ou justa. Segundo ele, isso resulta em uma "caça às bruxas" contra aqueles que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro ou se opõem a decisões de ministros do STF.
Com a promessa de uma batalha árdua no Congresso, Flávio Bolsonaro deixou claro que a luta pela anistia será uma das principais bandeiras de seu mandato. Ele acredita que, com o fortalecimento do PL e o apoio popular, será possível aprovar medidas que revertam as decisões que considera injustas e devolvam os direitos políticos a Jair Bolsonaro, além de garantir a liberdade e a justiça para os manifestantes presos.
O anúncio de Flávio Bolsonaro reflete um momento de tensão e polarização na política brasileira, onde o embate entre o bolsonarismo e o Supremo Tribunal Federal tem sido uma constante desde o fim do mandato de Jair Bolsonaro. A proposta de anistia promete ser um tema central nos debates futuros, tanto no Congresso quanto no cenário público, com potencial para aprofundar ainda mais as divisões entre os diferentes grupos políticos do país.