Nas últimas horas, informações preocupantes começaram a circular nos bastidores da política e da justiça brasileiras, indicando que a Polícia Federal se prepara para indiciar importantes figuras do governo anterior. Entre os alvos estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e diversos militares de alta patente, como os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, além de outros nomes de peso como o almirante Almir Garnier Santos, o ex-ministro Anderson Torres e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira. O motivo dos indiciamentos estaria relacionado a uma suposta tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Segundo o portal Metrópoles, a Polícia Federal teria reunido elementos que indicam a participação ativa dessas figuras em uma trama golpista que teria sido articulada ao longo de 2022, mas que ganhou força após a divulgação dos resultados do segundo turno, que deu a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva. As investigações, conduzidas por meio de escutas, mensagens de celular e documentos apreendidos, teriam encontrado provas que ligam diretamente Jair Bolsonaro e seu círculo mais próximo a planos que visavam contestar o resultado das eleições de forma inconstitucional.
Um dos documentos-chave que reforçam as acusações contra Bolsonaro é a chamada "minuta golpista", encontrada na casa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Esse texto propunha a implementação de um decreto de Estado de Sítio e a execução de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem, o que daria ao governo Bolsonaro instrumentos para desafiar o resultado das eleições e permanecer no poder. O uso de medidas extremas como essas, à margem da Constituição, indicaria uma tentativa deliberada de subverter a ordem democrática.
Além disso, o general Augusto Heleno, que ocupava o cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional, também estaria na mira da PF. Na casa de Heleno, foram encontradas anotações de teor golpista que detalhavam possíveis ações a serem tomadas pelo governo Bolsonaro para frear instituições como a própria Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal. Segundo as informações reveladas, o plano de Heleno incluía até a prisão de delegados da PF que se dispusessem a cumprir ordens judiciais que, na visão do governo, fossem consideradas ilegais. Essas descobertas reforçam a tese de que havia, no entorno de Bolsonaro, um plano claro e coordenado para minar as instituições democráticas.
Outro nome de peso citado nas investigações é o do general Walter Braga Netto, que não só foi ministro da Defesa no governo Bolsonaro, como também candidato a vice-presidente nas eleições de 2022. De acordo com a Polícia Federal, mensagens encontradas no celular de Braga Netto revelam tentativas de pressionar o então comandante do Exército, general Freire Gomes, para que aderisse ao plano golpista. Em uma dessas mensagens, Braga Netto teria chamado Gomes de "cagão" por não se alinhar ao movimento. A resistência de parte das Forças Armadas ao plano golpista parece ter frustrado os planos do grupo, mas, mesmo assim, as investigações revelam uma tentativa clara de subversão da ordem democrática.
Braga Netto também teria se envolvido em trocas de mensagens com Ailton Gonçalves Moraes Barros, amigo de longa data de Bolsonaro, com orientações para atacar o comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, que também resistia aos planos. Em uma dessas conversas, Braga Netto teria se referido a Baptista Júnior como "traidor da pátria", enquanto elogiava a postura de Almir Garnier, comandante da Marinha, que, segundo as investigações, estaria alinhado ao golpismo. A tentativa de pressionar oficiais de alta patente das Forças Armadas a aderir ao golpe revela a profundidade da trama e o quanto figuras de destaque do governo Bolsonaro estavam dispostas a fazer para reverter o resultado eleitoral.
Todos os envolvidos nas investigações negam categoricamente as acusações. Jair Bolsonaro, por meio de seus advogados, tem afirmado que nunca participou de qualquer articulação que visasse desrespeitar o resultado das urnas, e que a minuta golpista encontrada com Mauro Cid era um documento não autorizado, que jamais foi levado a sério. Da mesma forma, Augusto Heleno, Braga Netto e os demais militares negam as supostas pressões feitas para cooptar os comandantes das Forças Armadas.
Apesar das negativas, o avanço das investigações e as evidências reunidas pela Polícia Federal colocam essas figuras em uma situação delicada. O indiciamento de Bolsonaro e seus ex-ministros militares por tentativa de golpe pode trazer desdobramentos explosivos no cenário político brasileiro, aprofundando a já acentuada polarização. Além disso, o impacto sobre as Forças Armadas, uma instituição que historicamente busca se manter neutra em conflitos políticos, pode ser profundo, uma vez que membros da cúpula militar são apontados como participantes de uma trama golpista.
O desfecho dessas investigações ainda está por vir, mas o cenário já sinaliza um acirramento das tensões políticas e jurídicas no país. Enquanto isso, a expectativa é que novas informações sejam reveladas nos próximos dias, trazendo ainda mais luz a essa complexa e preocupante situação.