Justiça de SP suspende também o perfil reserva do Instagram de Pablo Marçal

 
A Justiça Eleitoral de São Paulo decidiu, no dia 5 de outubro de 2024, suspender o perfil reserva do Instagram do candidato Pablo Marçal, após a divulgação de um vídeo polêmico envolvendo seu adversário, Guilherme Boulos (PSOL). A decisão foi tomada pelo juiz das garantias eleitorais, Rodrigo Capez, que ordenou que a conta de Marçal permanecesse fora do ar por 48 horas. O vídeo em questão traz acusações graves contra Boulos, afirmando que ele teria sofrido um surto psicótico enquanto estava sob efeito de cocaína, alegação que foi prontamente negada pelo candidato do PSOL.


De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), a suspensão do perfil e a retirada do vídeo foram medidas necessárias para preservar a integridade do processo eleitoral. A decisão foi motivada por uma notícia-crime apresentada pela equipe de Boulos, que se sentiu caluniado pelas afirmações feitas no vídeo publicado por Marçal. O tribunal destacou que a acusação de uso de drogas e internação em uma clínica psiquiátrica, sem qualquer prova substancial, configura uma tentativa de desestabilizar a campanha de Boulos, utilizando a desinformação como ferramenta.


Além da suspensão temporária da conta, o juiz Capez solicitou que a Polícia Federal instaure um inquérito para investigar a veracidade dos fatos. Entre as medidas que podem ser adotadas durante a investigação, está a possibilidade de pedidos de busca e apreensão de dispositivos e documentos, além da quebra de sigilo de dados e comunicações. A investigação deverá esclarecer se houve, de fato, a disseminação de notícias falsas, o que pode acarretar punições mais severas a Marçal e sua equipe, caso a calúnia seja comprovada.


Durante uma coletiva de imprensa realizada enquanto seguia sua campanha eleitoral, Pablo Marçal comentou o caso e tentou se isentar de responsabilidade direta sobre o conteúdo do vídeo. Ele afirmou que o material foi enviado por seu advogado e que ele apenas o publicou em suas redes sociais. "Eu recebi e publiquei. Não fui eu que deu o laudo, eu só publiquei", disse Marçal, ressaltando que as informações constantes no vídeo não foram criadas por ele. No entanto, quando perguntado sobre o momento em que recebeu o vídeo, Marçal indicou que seria necessário perguntar ao advogado responsável pela entrega do material.


Mesmo com a suspensão de seu perfil no Instagram e a investigação em curso, Marçal manteve as acusações contra Boulos durante a coletiva. Ele reiterou que acredita na veracidade das alegações de que seu adversário é usuário de cocaína, apesar de Boulos ter negado com veemência todas as acusações. A insistência de Marçal nas acusações pode complicar ainda mais sua situação jurídica, já que ele permanece divulgando informações sem comprovação.


Guilherme Boulos, por sua vez, reagiu de forma firme às acusações. Em nota divulgada à imprensa, sua equipe classificou as afirmações de Marçal como “caluniosas e sem qualquer fundamento”. Boulos afirmou que nunca fez uso de drogas e que jamais foi internado em uma clínica psiquiátrica. O candidato do PSOL criticou o uso de ataques pessoais e desinformação como estratégia eleitoral, alertando para os perigos que esse tipo de prática pode representar para a democracia.


Esse caso é apenas mais um exemplo de como as redes sociais têm sido utilizadas de forma negativa durante o processo eleitoral. A disseminação de informações falsas ou distorcidas, especialmente quando envolvem acusações graves como uso de drogas, pode afetar a imagem de candidatos e influenciar a opinião pública de maneira injusta. A Justiça Eleitoral tem intensificado a fiscalização e adotado medidas rigorosas para evitar que a desinformação comprometa o resultado das eleições, mas a velocidade com que essas notícias se espalham nas redes sociais representa um desafio constante.


A investigação solicitada pela Justiça Eleitoral e agora conduzida pela Polícia Federal deverá ser crucial para esclarecer a veracidade das acusações feitas por Marçal. Caso fique comprovado que as afirmações são falsas, ele poderá ser responsabilizado por calúnia e difamação, crimes que, além de prejudicarem sua campanha, podem resultar em sanções legais mais severas.


O clima eleitoral no Brasil, especialmente nas eleições de 2024, tem sido marcado por uma crescente polarização e uso de estratégias questionáveis para desacreditar adversários. O caso envolvendo Marçal e Boulos reflete esse cenário de confrontos intensos, em que as redes sociais, embora ferramentas poderosas de comunicação, têm sido utilizadas para espalhar desinformação e ataques pessoais. As consequências de tais atos podem ir além do âmbito eleitoral, afetando a confiança do público nas instituições e no próprio processo democrático.


À medida que a investigação avança, o público e os eleitores aguardam os desdobramentos desse caso, que pode se tornar um marco importante na luta contra a desinformação nas eleições brasileiras. A suspensão temporária do perfil de Marçal é apenas o início de uma série de medidas que poderão ser adotadas caso se confirme que as acusações são infundadas. O uso responsável das redes sociais, especialmente durante períodos eleitorais, é essencial para garantir que o debate político se mantenha no campo das ideias e propostas, sem a necessidade de recorrer a ataques pessoais ou à difusão de informações falsas.

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