Durante o debate realizado no sábado (19), o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), trouxe à tona um episódio polêmico envolvendo Guilherme Boulos, também candidato à prefeitura pelo PSOL. Nunes afirmou que, em setembro de 2017, Boulos tentou “dar um calote” em um cidadão após se envolver em uma colisão de trânsito. Segundo o relato do prefeito, Boulos teria deixado de ressarcir o proprietário do veículo danificado, o que levou seu pai, o infectologista Marcos Boulos, a realizar o pagamento da dívida.
O incidente ocorreu em São Paulo, quando Guilherme Boulos colidiu com o carro de Rodger Fabris, dono de um Honda Fit. Após o acidente, Boulos registrou um boletim de ocorrência, mas, segundo Fabris, o candidato do PSOL deixou de responder às tentativas de contato para negociar o pagamento dos danos. Isso acabou resultando em um processo judicial movido por Fabris, que exigia a indenização pelos prejuízos causados.
A declaração de Nunes gerou repercussão imediata, principalmente pelo tom usado ao criticar Boulos. “Ele com 35 anos, um marmanjo. Papai teve que pagar porque o filho não trabalha”, disse o prefeito durante o debate. Nunes utilizou o episódio como argumento para questionar a responsabilidade de seu adversário, insinuando que Boulos, à época, teria evitado assumir sua obrigação financeira, repassando o encargo para seu pai.
De acordo com os documentos do processo, a indenização solicitada por Rodger Fabris era de R$ 2.954, referente aos danos materiais causados ao seu veículo. No entanto, o valor final pago foi de R$ 2.500, que foi depositado pelo pai de Boulos no dia 8 de maio de 2018, data da audiência de conciliação marcada entre as partes. A audiência aconteceu em Jundiaí, no interior de São Paulo, às 9h15 da manhã, e marcou o desfecho do processo judicial.
O caso gerou discussões nas redes sociais, especialmente entre os eleitores dos dois candidatos. Enquanto os apoiadores de Nunes veem a revelação como um golpe contra a imagem de Boulos, ressaltando a falta de responsabilidade do candidato do PSOL, os seguidores de Boulos minimizaram o episódio, afirmando que o pagamento foi feito e que o candidato agiu conforme as orientações de seus advogados.
A defesa de Boulos foi breve. Após a acusação de Nunes, o candidato do PSOL emitiu uma nota afirmando que o caso já havia sido resolvido há anos e que não havia motivos para que o tema fosse trazido à campanha eleitoral. Ele destacou que, assim que o incidente ocorreu, seguiu os trâmites legais, registrou um boletim de ocorrência e orientou-se com sua equipe jurídica. Segundo Boulos, o pagamento feito por seu pai foi uma solução prática para encerrar o impasse, e não uma tentativa de evitar sua responsabilidade.
Entretanto, a versão de Rodger Fabris, o proprietário do Honda Fit, foi diferente. Segundo ele, após o acidente, Boulos deixou de atender suas ligações e não deu sequência às negociações para o pagamento dos danos. “Ele simplesmente parou de responder. Eu tentava contato para resolver o problema, mas não obtive retorno. Foi só quando acionei a justiça que o pagamento aconteceu, e quem pagou foi o pai dele, não ele”, afirmou Fabris. O relato reforça a crítica de que Boulos teria tentado evitar o cumprimento de sua obrigação.
O debate sobre o caso levantou ainda outras questões sobre a postura de Boulos em situações de responsabilidade pessoal e seu histórico político. Seus adversários aproveitaram a oportunidade para criticar sua atuação como líder de movimentos sociais, apontando o episódio como um reflexo de sua falta de compromisso com questões individuais, em contraste com o discurso público de responsabilidade social.
Por outro lado, o incidente também colocou em evidência o uso de eventos pessoais na campanha eleitoral, uma estratégia comum, mas frequentemente criticada, por desviar o foco de discussões políticas mais relevantes para os cidadãos. A campanha de Boulos classificou a fala de Nunes como uma tentativa de desviar a atenção de problemas mais urgentes da cidade de São Paulo, como a saúde, a educação e a segurança pública.
Com a aproximação do primeiro turno das eleições municipais, a troca de acusações entre os candidatos tende a se intensificar. Até o momento, as pesquisas indicam uma disputa acirrada entre Nunes e Boulos, ambos concorrendo ao cargo de prefeito da maior cidade do Brasil. Enquanto Nunes busca a reeleição com base em sua gestão durante a pandemia e na continuidade de projetos de infraestrutura, Boulos aposta em propostas voltadas para a habitação, a justiça social e a inclusão de grupos marginalizados.
O episódio envolvendo o acidente de trânsito de 2017, embora pequeno em comparação aos grandes temas da campanha, certamente serviu para aumentar as tensões entre os dois principais candidatos e reacender o debate sobre a integridade e a responsabilidade de cada um. Com as eleições se aproximando, a expectativa é de que novos fatos e acusações continuem surgindo, moldando a disputa até o último momento.
🚨 DEBATE NA RECORD
— The Incorrupt (@TheIncorrupt_) October 20, 2024
- Ricardo Nunes confrontou Boulos no debate e trouxe à tona uma informação de que Boulos já deu calote num acidente de trânsito, onde deixou um cidadão a ver navios e quem pagou a conta da batida foi seu “Papai”.
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