Sem Marçal, Nunes e Boulos vão disputar 2° turno em São Paulo

A cidade de São Paulo se prepara para um segundo turno acirrado entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), após uma das eleições mais equilibradas da história recente do município. A definição do confronto foi estabelecida no dia 06 de outubro de 2024, quando 99,52% das urnas já haviam sido apuradas, consolidando Nunes com 29,49% dos votos e Boulos logo atrás, com 29,06%. Este embate marca um novo capítulo na política da maior cidade do Brasil, e promete agitar tanto os eleitores quanto as lideranças partidárias nos próximos dias.


O Primeiro Turno: Uma Disputa Intensa


Desde o início da apuração, a competição entre os três principais candidatos, Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal (PRTB), foi intensa. Nunes, que concorre à reeleição com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, e Boulos, apadrinhado pelo atual presidente Lula, protagonizaram uma corrida eleitoral marcada pela polarização política que domina o cenário nacional. O empresário Pablo Marçal, que havia movimentado consideravelmente a disputa, acabou ficando de fora do segundo turno por uma pequena margem de votos, registrando 28,14% do total.


O resultado reflete a divisão do eleitorado paulistano, que se viu dividido entre a continuidade representada por Nunes e as propostas progressistas de Boulos, que disputam não apenas a prefeitura, mas também a narrativa política de São Paulo. Para muitos, essa eleição é vista como um termômetro para as eleições nacionais de 2026.


Ricardo Nunes: O Candidato da Continuidade


Ricardo Nunes, que assumiu a prefeitura de São Paulo em 2021 após a morte de Bruno Covas, busca sua reeleição com a promessa de manter a cidade no caminho do desenvolvimento e das políticas iniciadas por seu antecessor. Com o apoio de Bolsonaro e outros nomes fortes da direita, como o deputado federal Carlos Jordy e o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, Nunes tem se posicionado como o candidato da segurança pública e da continuidade administrativa.


Durante sua gestão, Nunes investiu em obras de infraestrutura e segurança, sempre defendendo uma política econômica de austeridade, o que garantiu a ele a simpatia de setores mais conservadores do eleitorado. "São Paulo precisa continuar crescendo, com responsabilidade fiscal e atenção à segurança pública", afirmou o prefeito em seu último discurso antes da votação.


Além disso, o candidato do MDB tem usado como trunfo os avanços na saúde e educação, áreas em que sua administração implementou projetos de ampliação do atendimento e construção de novas escolas. No entanto, sua gestão também enfrenta críticas, especialmente em relação ao aumento da desigualdade social e à crise habitacional, temas que devem ser explorados por Boulos no segundo turno.


Guilherme Boulos: A Proposta de Mudança


Do outro lado da disputa está Guilherme Boulos, representante do PSOL, que tem se consolidado como uma das vozes mais expressivas da esquerda brasileira. Boulos, que disputou a presidência da República em 2018 e a prefeitura de São Paulo em 2020, tem se posicionado como o candidato da mudança, prometendo um governo mais inclusivo e voltado para as classes populares.


Com o apoio de Lula, Boulos foca sua campanha em propostas progressistas, como o combate à desigualdade social, políticas habitacionais inclusivas e melhorias na saúde pública. Ele também tem conquistado o apoio de movimentos sociais e lideranças culturais, que veem em sua candidatura a oportunidade de uma administração mais próxima das necessidades das periferias da cidade.


Boulos tem enfatizado que sua candidatura não representa apenas uma mudança na administração, mas uma verdadeira transformação no modo de fazer política. "São Paulo pode ser uma cidade para todos, com mais igualdade e justiça social", declarou Boulos após a confirmação do segundo turno.


O Papel de Pablo Marçal no Primeiro Turno


Apesar de não ter avançado para o segundo turno, Pablo Marçal foi um dos protagonistas do primeiro turno das eleições em São Paulo. O empresário, que já havia se destacado no cenário político ao concorrer à presidência em 2022, surpreendeu ao conquistar 28,14% dos votos, uma votação expressiva que o coloca como uma figura de destaque na política paulista.


Marçal, que baseou sua campanha em uma plataforma de renovação política e de gestão mais eficiente, acabou ficando de fora por uma diferença mínima em relação a Boulos. Ainda assim, o resultado reflete o crescente interesse por novas lideranças e por propostas alternativas às tradicionais disputas entre direita e esquerda.


O apoio de Marçal no segundo turno poderá ser decisivo para definir o vencedor, e os próximos dias devem trazer negociações intensas entre sua campanha e os dois candidatos que avançaram para a próxima fase. Analistas políticos acreditam que sua base de eleitores pode ser dividida entre Nunes e Boulos, dependendo das alianças que forem construídas.


Outros Candidatos e Suas Votações


Além dos três principais candidatos, outros nomes também marcaram presença no primeiro turno, embora com votações mais modestas. A deputada federal Tabata Amaral (PSB), por exemplo, ficou em quarto lugar, com 9,92% dos votos, mostrando seu apelo entre eleitores mais jovens e progressistas, mas sem força suficiente para avançar na disputa.


Na quinta colocação, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) registrou 1,84% dos votos, uma performance considerada decepcionante para quem já havia sido cotado como um dos possíveis favoritos no início da campanha. A economista Marina Helena (Novo), por sua vez, conquistou apenas 1,38% dos votos, ficando em sexto lugar.


O Segundo Turno: Expectativas e Desafios


Com o segundo turno marcado para o final de outubro, a disputa entre Nunes e Boulos promete ser intensa. Ambos os candidatos terão que ampliar suas bases de apoio para conquistar a vitória, especialmente entre os eleitores de Marçal, Tabata e Datena. A polarização política, que já marcou o primeiro turno, deve se acentuar, com campanhas focadas em críticas mútuas e na tentativa de conquistar o eleitorado indeciso.


Para Nunes, o desafio será manter a imagem de continuidade sem parecer complacente com os problemas da cidade, enquanto Boulos precisará convencer os eleitores de que sua proposta de mudança é viável e não representa um risco para a estabilidade da cidade.


Independente do resultado, a eleição de 2024 em São Paulo já se destaca como um marco na política brasileira, refletindo as profundas divisões e os desafios enfrentados pelo país. O segundo turno, portanto, será mais do que uma disputa municipal, mas também um reflexo da polarização nacional e um indicativo dos rumos que o Brasil poderá tomar nos próximos anos.

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