Senador toca no ponto mais fraco dos políticos


O senador Cleitinho (Republicanos-MG) comemorou a recente decisão do governo federal de não retomar o horário de verão, prática que era comum no Brasil até 2019 e que foi adotada com o intuito de economizar energia elétrica. Em um pronunciamento no Senado, Cleitinho destacou o impacto da mobilização popular contra a medida e como a pressão da população foi fundamental para que o governo não trouxesse de volta essa mudança nos relógios. Ele enfatizou que as redes sociais foram um importante canal para a manifestação da vontade popular, com muitos cidadãos marcando o presidente Lula em postagens, pedindo que o horário de verão não fosse restabelecido.


"A gente começou a fazer uma mobilização nacional, pedindo para que a população brasileira se manifestasse. Foi feito isso. Marcaram o Lula várias vezes para que ele não deixasse voltar esse horário de verão", afirmou o senador em seu discurso. A fala de Cleitinho reflete sua postura de valorização da participação popular nas decisões políticas, especialmente em questões que afetam diretamente o cotidiano das pessoas.


No entanto, foi a segunda parte do discurso do senador que chamou ainda mais a atenção. Ele anunciou estar trabalhando em um projeto de lei que visa aumentar a alíquota do Imposto de Renda para políticos, tocando diretamente no que ele considera o ponto fraco dos representantes públicos: o bolso. Cleitinho defendeu que a classe política deve ser a primeira a dar o exemplo quando se trata de sacrifícios fiscais e sugeriu um aumento significativo da carga tributária sobre seus próprios rendimentos. Sua proposta prevê um acréscimo de 15 pontos percentuais na alíquota do Imposto de Renda dos políticos, elevando-a para 42%.


O objetivo dessa proposta é compensar a possível isenção do imposto para cidadãos que ganham até R$ 5 mil, uma medida que, segundo o senador, beneficiaria diretamente os trabalhadores e empreendedores, que ele considera a verdadeira fonte de riqueza do país. "Porque aquele que ganha R$ 5 mil não tem direito a privilégio e regalia, e não vai mudar muita coisa para nós. Temos auxílio-paletó, nós temos auxílio-moradia, nós temos verba indenizatória de auxílio-alimentação, temos plano de saúde vitalício, temos um monte de coisa! O trabalhador, o empreendedor são fonte de riqueza. Nós somos fonte de despesa. Então, somos nós que temos que cortar da própria carne", argumentou.


A fala de Cleitinho reflete uma crítica direta aos privilégios concedidos aos políticos no Brasil, como os auxílios e benefícios que muitos recebem mesmo após deixarem seus cargos. Para o senador, esses privilégios contrastam fortemente com a realidade da maioria dos brasileiros, especialmente os trabalhadores que enfrentam dificuldades financeiras. Sua proposta, portanto, é uma tentativa de equilibrar essa balança, mostrando que a classe política também deve arcar com maiores responsabilidades fiscais, principalmente quando há discussões sobre a isenção para aqueles que ganham menos.


Além de abordar a questão tributária, Cleitinho também aproveitou seu discurso para fazer uma defesa apaixonada dos professores, comparando os baixos salários dos profissionais da educação com os benefícios e regalias que os políticos recebem. Ele ressaltou que, embora se faça muitas homenagens aos professores no Dia dos Professores, o que realmente importa são ações concretas para valorizar a categoria. Para ele, não basta apenas discursos e celebrações simbólicas; é necessário implementar políticas que melhorem de fato a condição dos educadores no país.


Essa defesa dos professores insere-se em uma crítica mais ampla que o senador faz à distribuição de recursos no Brasil. Cleitinho destacou que, enquanto os políticos desfrutam de uma série de benefícios custeados pelo Estado, os professores, que são essenciais para o desenvolvimento do país, recebem salários que não condizem com a importância de seu trabalho. Ele pediu mais seriedade e comprometimento do governo e do Congresso em relação a essa pauta, sugerindo que os recursos usados para custear os privilégios da classe política poderiam ser mais bem direcionados para setores essenciais, como a educação.


O discurso de Cleitinho no Senado mostra sua tentativa de se distanciar da imagem tradicional de político que se beneficia de regalias e privilégios. Ao propor o aumento da carga tributária sobre a classe política e defender a isenção para aqueles que ganham menos, o senador se posiciona como um defensor dos interesses populares e da justiça fiscal. Ao mesmo tempo, ao colocar a valorização dos professores no centro de seu pronunciamento, ele busca reforçar a necessidade de uma maior atenção às áreas essenciais para o desenvolvimento do Brasil.


Sua fala gerou repercussão tanto dentro quanto fora do Senado, com apoiadores destacando sua coragem de enfrentar questões sensíveis, como a tributação sobre os políticos, enquanto críticos questionaram a viabilidade prática de sua proposta. De qualquer forma, o discurso do senador Cleitinho trouxe à tona debates importantes sobre o papel da classe política, a distribuição de recursos públicos e a necessidade de valorizar aqueles que realmente contribuem para o progresso do país.

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