Nos últimos meses, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem enfrentado uma crescente onda de insatisfação entre a população. A mais recente pesquisa de opinião pública da Futura aponta um aumento significativo na avaliação negativa do governo, o que pode ter implicações profundas para a esquerda nas eleições de 2026. Com a oposição ganhando força e nomes como Ricardo Nunes e Felipe Marçal crescendo em popularidade, a esquerda pode enfrentar grandes desafios no próximo pleito.
Aumento na Avaliação Negativa
De acordo com os dados da pesquisa Futura, a avaliação negativa do governo Lula subiu para 47%, o que representa um crescimento de 10 pontos percentuais em comparação à última pesquisa realizada há seis meses. Esse cenário é particularmente preocupante para o Partido dos Trabalhadores (PT) e para outros partidos de esquerda que compõem a base aliada do governo. Entre as principais razões apontadas pelos entrevistados para essa insatisfação estão a percepção de ineficiência na gestão econômica, aumento da inflação, e uma incapacidade de lidar com problemas estruturais como saúde, educação e segurança pública.
Especialistas políticos destacam que esse aumento na avaliação negativa pode ser um reflexo direto das dificuldades econômicas enfrentadas pelo Brasil, incluindo o aumento dos combustíveis, alta da taxa de desemprego e a falta de reformas que promovam crescimento econômico sustentável. Além disso, a polarização política no país tem se intensificado, e o desgaste natural de um governo que já enfrentou três mandatos também pesa sobre a popularidade de Lula.
Implicações para a Esquerda nas Eleições de 2026
O cenário de insatisfação crescente com o governo Lula abre espaço para que a oposição, especialmente candidatos de direita e centro-direita, ganhem força para as eleições de 2026. Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo, e Felipe Marçal, um nome emergente da direita, têm se consolidado como os principais opositores ao governo atual. A pesquisa Futura aponta que ambos conseguiram consolidar apoio significativo entre eleitores que estão insatisfeitos com a administração petista, enquanto Guilherme Boulos, uma das principais apostas da esquerda para a corrida presidencial, viu sua popularidade diminuir.
De acordo com Paulo Baltokoski, analista político do Conexão 011 News, "a crescente avaliação negativa do governo Lula está diretamente associada à falta de uma agenda clara para os próximos dois anos. Isso tem alimentado a percepção de que a esquerda não tem soluções práticas para os problemas do país. Além disso, a popularidade de Nunes e Marçal é um indicativo de que a direita está conseguindo capturar a insatisfação popular, algo que pode complicar a corrida eleitoral de 2026 para o PT e seus aliados".
O Enfraquecimento de Guilherme Boulos
A pesquisa Futura também trouxe dados que preocupam ainda mais os partidos de esquerda. Guilherme Boulos, considerado uma das figuras mais carismáticas da nova geração de líderes progressistas, foi praticamente excluído do cenário eleitoral. Com apenas 8% das intenções de voto, ele ficou atrás de nomes como Ricardo Nunes (22%) e Felipe Marçal (18%). A incapacidade de Boulos em expandir sua base de apoio além dos eleitores tradicionais de esquerda está sendo vista como um sinal de alerta para o PSOL e outros partidos progressistas.
Baltokoski afirma que "Boulos é visto como alguém com grande potencial, mas ele ainda não conseguiu se desvencilhar da imagem de líder de nicho. Para se tornar um candidato viável em 2026, ele precisaria ampliar seu apelo para eleitores moderados e da classe média, algo que não está acontecendo até agora. A ascensão de Nunes e Marçal mostra que a direita está capitalizando o vácuo deixado pela esquerda."
Além disso, o desgaste interno entre as lideranças de esquerda pode estar prejudicando a construção de uma candidatura forte. A falta de unidade dentro da base aliada de Lula e as disputas entre PT e PSOL por protagonismo estão minando as chances de uma candidatura progressista coesa e competitiva.
A Ascensão de Ricardo Nunes e Felipe Marçal
Enquanto a esquerda se fragmenta e enfrenta dificuldades para se consolidar em torno de um candidato forte, a direita e o centro-direita estão se organizando de maneira eficaz. Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, é visto como um político moderado que conseguiu manter altos índices de aprovação em sua gestão, focando em políticas públicas que atendem a diversas faixas da população. Seu desempenho em São Paulo, a maior cidade do Brasil, tem sido um trunfo para sua possível candidatura à presidência.
Felipe Marçal, por sua vez, emergiu como um nome de destaque entre os eleitores conservadores. Conhecido por suas opiniões firmes sobre temas econômicos e sociais, ele se posiciona como uma alternativa de direita mais dura, o que tem agradado a uma parcela considerável do eleitorado que se sente traída pelos políticos tradicionais. De acordo com José Carlos Bernardi, jornalista e apresentador do Fator Político BR, "Marçal conseguiu capturar o eleitorado que se identifica com valores conservadores e que busca uma alternativa real ao que eles veem como a falência das políticas progressistas".
Nunes e Marçal, juntos, têm a capacidade de fragmentar ainda mais o eleitorado de esquerda, tornando o caminho para uma eventual reeleição de Lula ou a eleição de um sucessor escolhido por ele ainda mais desafiador.
O Papel da Mídia e das Redes Sociais
Outro fator que não pode ser ignorado é o papel da mídia e das redes sociais no cenário político atual. A polarização política no Brasil tem se intensificado nas plataformas digitais, onde desinformação e fake news se espalham rapidamente, influenciando o eleitorado. As estratégias de marketing digital serão cruciais para qualquer candidato que queira vencer em 2026. A campanha de Nunes já está investindo fortemente em mídias sociais, enquanto Marçal se beneficia de uma base de apoio altamente engajada online.
Por outro lado, a esquerda, que tradicionalmente dominava as discussões políticas nas redes, parece estar perdendo terreno. A falta de uma estratégia clara de comunicação e a incapacidade de mobilizar eleitores jovens estão prejudicando candidatos como Boulos, que, apesar de ser ativo nas redes, não conseguiu expandir seu apelo para além de sua bolha ideológica.
O aumento na avaliação negativa do governo Lula complica significativamente o cenário para a esquerda nas eleições de 2026. Com o fortalecimento de nomes como Ricardo Nunes e Felipe Marçal, a oposição tem uma chance real de derrotar a base aliada de Lula no próximo pleito. Para a esquerda, o desafio será se reorganizar, encontrar uma liderança forte e apresentar uma agenda clara que consiga atrair não apenas os eleitores tradicionais, mas também aqueles que estão desiludidos com o atual governo.
O futuro da política brasileira está em aberto, e os próximos dois anos serão decisivos para definir o rumo que o país tomará. Enquanto isso, a corrida eleitoral se intensifica, e as alianças políticas e as estratégias eleitorais serão fundamentais para determinar quem ocupará o Palácio do Planalto em 2026.