URGENTE: Surgem as cartas atribuídas ao PCC sobre Boulos


 No último domingo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, trouxe à tona um tema sensível e controverso: cartas atribuídas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) em que supostos membros da facção pedem votos para o candidato Guilherme Boulos (PSOL) na cidade de São Paulo. De acordo com o governador, essas mensagens foram interceptadas pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e contêm pedidos para que familiares, amigos e outros integrantes do grupo criminoso se mobilizem politicamente em apoio ao candidato. A revelação gerou intenso debate e dividiu opiniões no cenário político, e as cartas agora estão sob análise do Ministério Público.


O caso, apelidado por alguns de “Salves das Eleições”, inclui três comunicados. Cada um deles teria sido transmitido a partir do sistema interno de comunicação do PCC e contém instruções para que, nesta eleição, simpatizantes da facção direcionem apoio ao candidato Guilherme Boulos e, em certos casos, também mencionam Marta Suplicy. Os “salves” citam a importância de influenciar o voto nas comunidades e em regiões específicas do estado de São Paulo. A SAP, responsável pela interceptação desses comunicados, agora busca identificar os responsáveis e os possíveis impactos dessa movimentação.


O primeiro comunicado, datado de 8 de outubro de 2024, é dirigido a um grupo identificado como “Q Jft R-3” e apresenta a assinatura “Q Jft R-1”. Nele, os remetentes deixam claro que, embora o PCC não feche diretamente com nenhum partido político, o grupo tem interesse específico na eleição de Boulos e Marta Suplicy, do PT. O texto menciona o contexto político e social em que a facção estaria “vivenciando”, pedindo que seus membros transmitam aos familiares a necessidade de votar nesses candidatos.


O segundo comunicado, de 26 de setembro, contém uma mensagem menos formal, mas com igual teor político, endereçado a um grupo chamado “Q JET PQB”. Este salve tem um tom urgente e insiste no apoio aos mesmos candidatos, ressaltando que o apoio ao voto deve ser pedido aos familiares. A mensagem enfatiza a importância da data eleitoral e reforça a instrução para que “toda a quadrilha” apoie Guilherme Boulos e Marta Suplicy. Segundo o comunicado, o apoio político é essencial e, conforme o texto, a instrução parece ser de adesão obrigatória para os membros, com reforços para garantir que o recado alcance o máximo de pessoas.


Por fim, o terceiro comunicado se destaca por tratar da candidata Rosana Vale, mencionada como uma “inimiga número 1” do PCC. Segundo o texto, a facção pede que todos os familiares evitem votar na candidata na região da Baixada Santista. O comunicado, assinado por membros identificados como “Terra Seca” e “Bruno Horeau”, chega a proibir a presença de Rosana Vale nas comunidades locais, reforçando uma linha de resistência política. Ao encerrar a carta, o autor do comunicado reforça que o apoio nas urnas é uma obrigação de todos que integram o sistema do litoral, com a presença ostensiva da facção.


Desde que a notícia foi divulgada, diversos analistas políticos e figuras públicas se posicionaram sobre o assunto. Para os críticos, a situação demonstra a gravidade da influência que organizações criminosas podem exercer sobre o cenário eleitoral. Já alguns apoiadores de Boulos têm questionado a veracidade das cartas e acusam o governo de São Paulo de tentar manipular o debate público em um momento de eleição acirrada. Representantes do PSOL e do próprio Guilherme Boulos emitiram notas rechaçando qualquer vínculo com o PCC e afirmaram que a campanha do candidato é pautada pela ética e pelo compromisso com a democracia. A defesa de Boulos argumenta que a campanha visa melhorar a segurança pública e reduzir as desigualdades sociais, mas que não se responsabiliza por eventuais apoios que partidos ou pessoas possam vir a declarar sem autorização.


Tarcísio de Freitas, que lidera a SAP, declarou que a situação é alarmante e exige atenção das autoridades. O governador afirmou ainda que os documentos interceptados serão encaminhados ao Ministério Público para uma análise mais profunda e para verificar se a facção está, de fato, utilizando sua estrutura para tentar influenciar o resultado eleitoral na capital paulista. Além disso, Tarcísio enfatizou que qualquer interferência nas eleições por grupos criminosos é inaceitável e que o governo não medirá esforços para garantir que o pleito seja justo e seguro.


A divulgação das cartas levantou questões sobre o poder que facções criminosas possuem para direcionar votos em comunidades e áreas onde a influência do PCC é notória. Este caso reacende o debate sobre a influência de facções no processo eleitoral, que já foi tema de discussões em ciclos eleitorais anteriores. As cartas também jogam luz sobre a importância de uma ação coordenada entre as forças de segurança pública e o Judiciário para evitar que o crime organizado tenha qualquer impacto sobre as escolhas políticas dos eleitores.


Diante desse cenário, o Ministério Público promete celeridade na apuração dos fatos, e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi acionado para monitorar possíveis movimentações nas comunidades mencionadas nos salves. Até que novas informações sejam divulgadas, o caso segue em investigação, com expectativa de novos desdobramentos ao longo dos próximos dias.
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