O advogado Jeffrey Chiquini, defensor do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, veio a público nesta sexta-feira (29) para afirmar que seu cliente é vítima de uma armação. Azevedo, preso desde 19 de novembro no Rio de Janeiro, é acusado de envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado e no planejamento de assassinatos de figuras como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Chiquini denunciou que provas foram plantadas para incriminar o militar, que faz parte das forças especiais conhecidas como “kids pretos”.
Segundo o advogado, a acusação contra Azevedo baseia-se em mensagens interceptadas pela Polícia Federal que supostamente ligam o militar ao codinome “Brasil”, identificado em planos para atacar autoridades em dezembro de 2022. Contudo, Chiquini apresentou uma explicação diferente para o envolvimento do militar com o aparelho de celular usado nas comunicações investigadas. Ele alegou que o telefone foi entregue a Azevedo no dia 24 de dezembro, como parte de sua rotina no Centro de Coordenação de Operações Especiais do Exército, mas já estaria comprometido.
De acordo com a defesa, o telefone foi um “cavalo de Troia” entregue a Azevedo em um esquema cuidadosamente planejado para incriminá-lo. O advogado destacou que havia uma seleção de aparelhos disponíveis para o tenente-coronel, e ele escolheu o modelo mais novo, sem imaginar que o dispositivo já estava comprometido. Chiquini sugere que alguém, possivelmente um militar ou funcionário terceirizado, teria corrompido o aparelho antes de entregá-lo a Azevedo.
As acusações contra o tenente-coronel incluem o uso do celular para enviar mensagens em 15 de dezembro de 2022, data em que, segundo a defesa, Azevedo estava em Goiânia comemorando seu aniversário com a família. Para sustentar essa versão, o advogado afirma possuir provas que contradizem o relatório da Polícia Federal. Ele pediu acesso ao celular apreendido para comprovar que o militar não participou de nenhum esquema criminoso.
Jeffrey Chiquini também criticou a narrativa de que as forças especiais estariam envolvidas em um suposto plano golpista. Ele classificou as acusações como amadoras, argumentando que os detalhes apresentados não condizem com a sofisticação esperada de operações realizadas por militares altamente treinados. Para o advogado, a tentativa de associar Azevedo e outros membros das forças especiais ao caso tem como objetivo enfraquecer o Exército e criar um clima de desconfiança. Ele também apontou que a investigação pode estar sendo usada para desviar a atenção de questões maiores e sugeriu que há interesses políticos em jogo.
Durante a entrevista coletiva, Chiquini reforçou que Azevedo está disposto a colaborar com as investigações para esclarecer os fatos, mas destacou que ele não fará delação, pois “inocente não delata”. O advogado também questionou a ausência de um histórico completo das mensagens atribuídas ao militar, afirmando que o contexto das comunicações precisa ser analisado para evitar interpretações equivocadas.
Chiquini manifestou preocupação com o que considera ser uma tentativa de manipular os fatos para atingir não apenas Azevedo, mas também o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele acredita que o caso está sendo usado como ferramenta para construir uma narrativa que justifique a prisão do ex-presidente. “Está mais do que claro que o sistema vai tentar envolver qualquer narrativa possível para atingir Jair Bolsonaro”, disse o advogado.
A operação Contragolpe, que levou à prisão de Azevedo, teve como alvo outros três militares das forças especiais, todos acusados de integrar uma suposta organização criminosa responsável pelo planejamento de atos contra a democracia. Contudo, a defesa do tenente-coronel insiste que não há evidências concretas que liguem o militar às acusações. Para Chiquini, a inclusão de Azevedo na investigação é uma estratégia deliberada para descredibilizar as forças especiais e criar um bode expiatório para um caso que ainda precisa ser devidamente apurado.
O advogado também destacou que qualquer plano de golpe de Estado ou ataque contra autoridades precisa ser investigado com seriedade, mas advertiu que isso não pode ser feito às custas de acusações infundadas contra pessoas inocentes. Ele pediu uma análise criteriosa das provas e exigiu que os responsáveis pela armação contra Azevedo sejam identificados e responsabilizados.
A prisão de Azevedo levanta questões sobre a condução das investigações e o papel das forças de segurança no Brasil. A defesa insiste que há interesses obscuros por trás da operação e que o tenente-coronel está sendo usado como peça de um jogo político. Enquanto isso, a opinião pública aguarda desdobramentos do caso, que promete novos capítulos nos próximos dias.