Advogado no ‘Inquérito do Fim do Mundo’ solta o verbo sobre a 'nova’ configuração do STF (veja o vídeo)


 O advogado Andre Marsiglia, conhecido por sua atuação em casos polêmicos envolvendo o Supremo Tribunal Federal, como o emblemático Inquérito das Fake News, voltou a chamar atenção ao comentar a atual configuração do cenário político e jurídico do Brasil. Durante uma entrevista concedida à TV JCO, Marsiglia não poupou críticas à relação entre os poderes e à forma como determinados episódios têm sido explorados politicamente. Sua análise levantou questões fundamentais sobre o equilíbrio da república e o papel de cada instituição no país.


Marsiglia ganhou notoriedade ao representar a revista Crusóe em um caso de grande repercussão nacional. Na época, o ministro Dias Toffoli, então presidente do STF, foi mencionado em uma reportagem com a expressão "o amigo do amigo do meu pai", atribuída ao empresário Marcelo Odebrecht. O caso, que gerou grande controvérsia e até censura à publicação, é detalhado no livro "Censura por Toda Parte". A experiência lhe deu um olhar crítico sobre os limites entre liberdade de expressão e o poder exercido pelas instituições.


Em sua entrevista, o advogado destacou que o Brasil atravessa um momento delicado, no qual os poderes Executivo e Judiciário parecem trabalhar de forma conjunta, relegando o Legislativo a uma posição secundária. Para ele, essa desproporção é preocupante e fere os princípios fundamentais de uma república. “Houve um dar de mãos entre Executivo e Judiciário, o que traz um elemento a mais: o Legislativo fica em menor número, e isso não pode acontecer numa república, que precisa ter três poderes independentes e um fiscalizando o outro. É um cenário político desigual, desproporcional, e uma república desproporcional não é uma república”, afirmou Marsiglia, mostrando sua preocupação com os rumos da democracia brasileira.


Outro tema abordado foi o caso das supostas bombas no STF, episódio que gerou repercussão e debates sobre a regulamentação das mídias e a possível anulação do Projeto de Lei da Anistia. Para o advogado, o caso foi explorado de forma política e estratégica. Ele criticou duramente a maneira como os fatos foram apresentados, sugerindo que houve um aproveitamento do episódio para atender a interesses específicos. “Há uma exploração do cadáver do sujeito, isso é o pior de tudo”, lamentou, referindo-se à forma como tragédias têm sido usadas para justificar medidas polêmicas.


Marsiglia também analisou o recente suposto plano de golpe que envolveria o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O caso veio à tona em meio a outro episódio controverso: as declarações da primeira-dama Janja contra o bilionário Elon Musk, que geraram grande repercussão negativa para o governo. Segundo o advogado, há uma coincidência intrigante no timing de tais denúncias. “Incrível, todo dia descobrem um plano novo logo depois de o governo cometer uma gafe. Não posso dizer que é de propósito, mas não podemos ser ingênuos e não notar esse time... Do ponto de vista jurídico, pelo que li, não houve nenhum ato executório. Planejar crime não é crime. Se fosse, teríamos que prender todos os escritores e roteiristas de séries!”, declarou, ironizando a situação.


As declarações de Marsiglia reforçam uma visão crítica sobre o funcionamento das instituições e a relação entre os poderes no Brasil. Para ele, a independência e o equilíbrio entre Executivo, Legislativo e Judiciário são essenciais para preservar o sistema republicano. Contudo, o que se vê atualmente é uma relação marcada por tensões e interferências, o que, na sua visão, compromete o futuro da democracia.


A fala do advogado também traz reflexões importantes sobre o papel das investigações e da justiça no país. Episódios como o Inquérito das Fake News e as recentes denúncias de conspiração levantam debates sobre os limites do poder, a liberdade de expressão e o uso político de questões sensíveis. Para Marsiglia, é necessário um cuidado maior para que não se ultrapassem os limites constitucionais e para que os interesses de grupos ou indivíduos não prevaleçam sobre o bem comum.


O Brasil, segundo o advogado, precisa repensar suas prioridades e resgatar os princípios fundamentais da república. “Uma república desproporcional não é uma república”, reiterou, deixando claro que o equilíbrio entre os poderes não é apenas uma formalidade, mas um requisito indispensável para o bom funcionamento da democracia.


A entrevista de Andre Marsiglia traz à tona questões que transcendem o campo jurídico e entram no debate político e social. Suas críticas refletem preocupações legítimas sobre o futuro do país, especialmente em um momento em que os pilares da democracia parecem mais frágeis. Para ele, é essencial que o Brasil encontre formas de preservar a independência e a harmonia entre os poderes, garantindo que todos atuem em benefício da sociedade.

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