Bolsonaro age nos bastidores para emparedar o STF e "carta na manga" para 2026 é revelada


 O ex-presidente Jair Bolsonaro vem conduzindo discretamente uma série de articulações políticas nos bastidores para consolidar sua base de apoio e influenciar o cenário eleitoral e legislativo de 2026. O foco principal dessas movimentações tem sido o fortalecimento da bancada de direita no Senado, em uma tentativa estratégica de garantir maioria qualificada para possíveis ações que poderiam incluir pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). As articulações de Bolsonaro buscam assegurar que, após as próximas eleições, a direita ocupe ao menos 54 cadeiras no Senado, possibilitando uma mobilização contra o STF caso o ex-presidente retorne à política ativa ou mantenha influência significativa em um novo governo.


A estratégia de Bolsonaro para 2026 já começa a ser desenhada agora, com apoio a figuras influentes do cenário político e à formação de alianças em torno de um objetivo comum. Recentemente, o ex-presidente intensificou reuniões no Senado, especialmente com membros do Partido Liberal (PL) e outras legendas que compõem a base aliada da direita. Nesses encontros, um dos temas principais tem sido o incentivo para que senadores aliados priorizem suas reeleições ao Senado, em vez de se candidatarem a cargos no Executivo, como o governo de seus respectivos estados. Com essa medida, Bolsonaro busca manter figuras chave na Casa Legislativa, estabelecendo uma bancada sólida e majoritária que lhe permita, a partir de 2027, influenciar decisões e votações cruciais, especialmente aquelas relacionadas ao STF.


Dentre os parlamentares envolvidos nas articulações está o senador Marcos Rogério (PL-RO), um aliado de longa data de Bolsonaro e uma das figuras de destaque dentro do PL. Em uma reunião recente, Bolsonaro pediu diretamente ao senador que considerasse sua reeleição ao Senado, renunciando assim à possibilidade de disputar o governo de Rondônia. A mesma orientação foi dada a outros senadores do PL, incluindo o líder do partido na Casa, Carlos Portinho (RJ), que também recebeu o aval de Bolsonaro para focar em uma possível reeleição. Com essas manobras, o ex-presidente espera evitar perdas no Senado e assegurar um grupo coeso e comprometido com suas pautas e visão política.


Outro ponto central nas articulações de Bolsonaro envolve a sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência do Senado, que ocorrerá em 2025. Em busca de fortalecer sua base de apoio, Bolsonaro tem demonstrado preferência pela candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP) ao cargo. Alcolumbre, ex-presidente do Senado, possui uma relação de longa data com o ex-presidente e é visto por Bolsonaro como um nome estratégico para a construção de uma base de apoio que possa, eventualmente, colaborar com uma agenda de contestação ao STF.


Apesar de todos os esforços, o ex-presidente tem mantido uma postura cuidadosa em relação ao tema do impeachment de ministros do STF. Esse assunto não foi abordado diretamente durante as conversas com Alcolumbre, segundo fontes próximas às reuniões. A razão para essa cautela é o envolvimento de Alcolumbre com partidos governistas, o que torna inviável, pelo menos por enquanto, qualquer compromisso público com uma agenda contrária ao STF. Dessa forma, o ex-presidente busca trabalhar em uma construção política que, embora não explicitada em discursos, possa caminhar gradualmente para objetivos mais concretos.

A ideia de Bolsonaro é que, ao formar uma bancada de direita fortalecida e comprometida, as condições para um embate mais direto com o STF possam amadurecer naturalmente. Para que um pedido de impeachment contra ministros do STF seja aprovado, é necessária uma maioria qualificada de dois terços no Senado, equivalente a 54 senadores. A renovação de dois terços das cadeiras em 2027, data que Bolsonaro já considera crucial, representa uma oportunidade para que uma nova composição do Senado, influenciada por sua base de apoio, abra caminho para essa maioria.


Dentro dessa estratégia, Bolsonaro conta com o apoio não apenas de senadores do PL, mas também de parlamentares de outros partidos que, embora possuam alianças com o governo, mantêm certa simpatia pela direita. Nos bastidores, o ex-presidente tenta atrair figuras de relevância que possam ampliar o alcance de sua influência, formando uma espécie de "bloco independente" dentro do Senado, o qual poderá atuar como uma força decisiva em votações importantes.


A articulação silenciosa de Bolsonaro visa, assim, um duplo objetivo: primeiro, garantir que o Senado seja ocupado por aliados comprometidos com uma agenda de direita e, segundo, estabelecer as bases para um eventual enfrentamento com o STF a partir de uma posição de força. Esse movimento demonstra uma tentativa de Bolsonaro de evitar erros do passado, buscando agora uma abordagem mais cautelosa e estratégica. Ele acredita que, com o tempo e uma maioria consolidada, será possível avançar pautas que até então enfrentaram barreiras na Casa.


Embora as próximas eleições ainda estejam distantes, o ex-presidente deixa claro que seu olhar está voltado para 2026 e 2027, com uma visão a longo prazo para o fortalecimento de sua base no Senado. Este esforço pode ser uma de suas mais ambiciosas tentativas de moldar o futuro político do país, refletindo sua disposição em permanecer atuante nos bastidores e, possivelmente, retornar ao cenário de forma direta. Enquanto isso, o cenário político segue em constante movimento, e as articulações de Bolsonaro podem ter efeitos imprevisíveis, dependendo dos desdobramentos internos no Senado e na relação com o STF nos próximos anos.
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