Cleitinho mostra áudio de Gilmar e desafia senadores 'quem tem medo' (veja o vídeo)


Em uma sessão marcada por tensão e críticas, o senador Cleitinho Azevedo se pronunciou de forma contundente contra as recentes decisões do ministro Gilmar Mendes, membro do Supremo Tribunal Federal (STF). Cleitinho, ao se posicionar na tribuna, exibiu um áudio de uma fala polêmica do ministro Gilmar Mendes durante uma sessão do Supremo, na qual ele fazia críticas ao ministro Luís Roberto Barroso. No áudio, Gilmar Mendes atacava Barroso e o acusava de ter contribuído para a soltura de José Dirceu, ex-ministro e figura central nos escândalos investigados pela Operação Lava Jato.


O senador ironizou o conteúdo do áudio, destacando a contradição entre as palavras do ministro e suas próprias decisões judiciais. “Muito lindo ver Gilmar Mendes questionando a soltura do José Dirceu”, afirmou Cleitinho, usando um tom de sarcasmo para enfatizar a incoerência que, segundo ele, está presente nas ações do magistrado. Em seguida, o senador apresentou documentos que comprovavam a decisão de Gilmar Mendes de anular todas as condenações de Dirceu na Lava Jato. Com isso, ele buscou expor o que acredita ser um comportamento ambíguo do ministro, evidenciando que, mesmo após criticar a soltura do ex-ministro, Gilmar Mendes acabou tomando a mesma atitude ao anular as sentenças.


Durante seu pronunciamento, Cleitinho lançou um desafio a seus colegas no Senado: ele pediu que algum parlamentar subisse à tribuna para defender as atitudes de Gilmar Mendes ou mesmo a figura de José Dirceu. "Eu quero ver qual político dessa face da Terra vai subir nesse Plenário aqui e vai defender o José Dirceu, vai falar que ele é uma alma santa, que ele é uma alma honesta", afirmou o senador, intensificando o tom de seu discurso e sugerindo que quem se manifestasse a favor estaria, implicitamente, apoiando uma postura que ele considera inaceitável.


Em apoio ao discurso de Cleitinho, o senador Magno Malta também fez uso da palavra, reforçando a ideia de que existe um clima de temor no Congresso. "Eles sabem que ele está errado, mas eles têm medo. Os Senadores têm medo, os Deputados têm medo", declarou Malta, apontando para uma possível relutância dos parlamentares em se opor a determinadas decisões do STF. Segundo Malta, a influência e o poder dos ministros do Supremo têm gerado receio entre os políticos, dificultando um posicionamento mais firme em relação a questões polêmicas.


Diante desse cenário, Cleitinho propôs uma medida drástica: a obstrução total dos trabalhos legislativos no Senado até que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da anistia seja votada. Essa PEC, defendida por Cleitinho, é uma medida que busca revisar o entendimento sobre penas e condenações, além de conceder anistia a certas categorias. Segundo o senador, essa é uma forma de fazer "justiça" para casos que, segundo ele, têm sido tratados de maneira injusta pelo Judiciário. "Enquanto não passar a PEC da anistia aqui, gente, não podemos deixar passar mais nada. Se anula todas as condenações do José Dirceu, tem que passar a PEC da anistia aqui para a gente poder fazer justiça, como essa mãe que está sendo injustiçada", argumentou Cleitinho, sem especificar a que caso de injustiça se referia, mas apontando para uma percepção de parcialidade nas decisões do STF.


O senador ainda fez um apelo direto aos 36 parlamentares que, segundo ele, apoiaram o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Em seu discurso, Cleitinho solicitou que esses senadores se posicionassem e pressionassem para que a PEC da anistia fosse pautada. Ele ressaltou a necessidade de que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, bem como as comissões temáticas da Casa, colocassem a proposta em votação o mais rápido possível, permitindo que o plenário do Senado tivesse a última palavra sobre o tema. "Quem for a favor da justiça faça justiça", declarou Cleitinho, em tom desafiador.


A manifestação de Cleitinho e Malta ocorre em um momento de crescente atrito entre o Legislativo e o Judiciário, especialmente devido a decisões recentes do Supremo que têm impactado diretamente figuras políticas de destaque e temas sensíveis. Para muitos senadores e deputados, o protagonismo do STF em algumas pautas políticas é visto como uma interferência indevida, alimentando um discurso de resistência que, em casos como o de Cleitinho, toma proporções mais acirradas.


A PEC da anistia, defendida por Cleitinho, divide opiniões entre os parlamentares e a sociedade. Enquanto alguns veem na medida uma oportunidade de corrigir eventuais excessos e injustiças cometidas pelo sistema judiciário, outros criticam a proposta, enxergando nela uma tentativa de blindagem para políticos e figuras públicas envolvidas em escândalos de corrupção e irregularidades. A anulação das condenações de José Dirceu, decisão que partiu de Gilmar Mendes, é citada como um exemplo emblemático do que críticos chamam de "ativismo judicial" – ou seja, uma postura do Judiciário que, em sua opinião, extrapola as funções constitucionais dos magistrados.


Esse embate no Senado é mais um capítulo na série de disputas entre os Poderes, refletindo uma insatisfação crescente de parte dos parlamentares em relação às decisões do Supremo. Ao desafiar colegas a defenderem publicamente figuras e ações que considera controversas, Cleitinho busca pressionar o Congresso a adotar uma postura mais assertiva e crítica diante do STF, ao mesmo tempo em que propõe um caminho legislativo para, segundo ele, restabelecer a justiça.


A expectativa agora é sobre os próximos passos do Senado, especialmente se a pressão pela PEC da anistia ganhará força entre os senadores ou se o apelo de Cleitinho será mais um gesto simbólico, representando o descontentamento de uma parcela do Parlamento sem, contudo, provocar mudanças efetivas. O clima na Casa Legislativa segue carregado, e a relação entre os poderes permanece em um momento de tensão, com discussões que podem determinar o rumo de políticas importantes para o país nos próximos meses.

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