Dallagnol condena atitude de Moraes ante a explosão no STF

 
O ex-deputado federal Deltan Dallagnol, que também foi coordenador da Operação Lava Jato, criticou publicamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em suas redes sociais nesta quinta-feira (14). O motivo da manifestação de Dallagnol foi o comentário feito por Moraes sobre a explosão em frente ao STF, ocorrida na quarta-feira (13). Dallagnol, em vídeo, desaprovou a postura do ministro, que foi designado relator da investigação sobre o caso, apontando a fala do magistrado como inadequada e contrária aos princípios que norteiam o papel de um juiz.


A crítica de Dallagnol teve como base a análise de Moraes sobre o incidente, feita em um momento em que as investigações ainda estavam no início. Para o ex-parlamentar, o comentário do ministro foi precipitado e extemporâneo, dado que menos de 24 horas haviam se passado desde o ocorrido. Segundo Dallagnol, o fato de Moraes estar à frente da investigação tornava ainda mais grave o ato de se pronunciar sobre o tema, pois tal conduta coloca em xeque a imparcialidade esperada de um relator.


Dallagnol questionou a segurança com que Moraes falou sobre as possíveis causas e implicações da explosão, que ainda estavam sob apuração da Polícia Federal. Para ele, ao expressar-se publicamente, o ministro mostrou uma postura mais alinhada ao julgamento prévio do que ao devido processo legal. Em uma das falas de sua crítica, Dallagnol apontou: "Como o ministro já fala de forma tão convicta sobre o que ocorreu, se a investigação mal começou? É preocupante que ele já esteja traçando conclusões sem elementos probatórios completos."


Outro ponto levantado pelo ex-deputado foi a associação feita por Moraes entre o episódio e os detidos em razão dos atos de 8 de janeiro. Segundo Dallagnol, Moraes tentou justificar a necessidade de rigor contra esses réus ao vincular o novo incidente ao que considera uma falta de punição severa para aqueles envolvidos nas manifestações de janeiro. Para o ex-deputado, tal lógica é equivocada e descabida, pois implica em responsabilizar pessoas que, até onde se sabe, não têm nenhuma ligação com o atentado à Suprema Corte.


Além disso, Dallagnol destacou que, ao sugerir um aumento do rigor contra os réus do 8 de janeiro, Moraes estaria ignorando o próprio papel que o STF tem desempenhado em outros processos de grande repercussão nacional. Segundo o ex-procurador, o Supremo tem sido conivente com o que ele classificou como “impunidade dos grandes corruptos”, o que tornaria a fala de Moraes sobre a importância de punições exemplarmente rígidas incoerente.


"Falar que os réus de 8 de janeiro precisam ser severamente punidos porque a impunidade gera mais violência é no mínimo uma ironia vindo do STF, que se tornou o maior garantidor da impunidade de figurões da política nacional", disse Dallagnol, destacando o que considera ser uma postura de duplo padrão do Supremo em relação aos processos judiciais de grande impacto.


Ao concluir sua manifestação, Dallagnol voltou a criticar o que vê como um “ativismo judicial” por parte de Moraes, sugerindo que o magistrado ultrapassa os limites de sua função ao agir em parceria com setores da mídia e com apoio de segmentos políticos que, em sua visão, se alinham ideologicamente ao Supremo. Para ele, essa combinação resulta em um desequilíbrio na balança democrática e compromete a independência do Judiciário. Em suas palavras: “Estamos assistindo, mais uma vez, a um ministro da Suprema Corte se comportando de forma absolutamente imprópria, contrária à Constituição e ao Código de Ética da Magistratura, enquanto recebe aplausos de uma imprensa tradicional alinhada e de uma esquerda que carece de respaldo nas urnas.”


Dallagnol também lamentou o que entende como um apoio quase incondicional de veículos de comunicação a atitudes que, segundo ele, ameaçam a democracia sob o pretexto de defendê-la. Ao final de sua crítica, o ex-deputado reiterou que atitudes como a de Moraes colocam em risco a liberdade de expressão e a transparência nas investigações, além de alertar que o episódio marca um novo estágio de autoritarismo no país.


O posicionamento de Dallagnol faz parte de uma série de reações contrárias à atuação do STF em meio aos recentes acontecimentos envolvendo ataques à corte. Desde o atentado, que levou a uma rápida resposta das forças de segurança, a repercussão nas redes sociais tem sido intensa. A designação de Alexandre de Moraes como relator do caso trouxe à tona debates sobre a imparcialidade e o alcance do poder judiciário no Brasil, intensificando as divisões entre apoiadores e críticos do Supremo.


Nas redes, os comentários de Dallagnol ganharam apoio e críticas. Enquanto alguns internautas defenderam seu direito de questionar o posicionamento do ministro, outros argumentaram que sua crítica é um reflexo de insatisfação pessoal com decisões da Suprema Corte. Ao mesmo tempo, o clima de tensão nas ruas e no cenário político nacional parece intensificar-se, com o STF e o Ministério Público acompanhando as investigações para entender as motivações por trás do atentado.


O incidente na sede do Supremo colocou o país em alerta e reabriu discussões sobre segurança pública e o papel da Corte Suprema no atual cenário político. Em Brasília, o diretor-geral da Polícia Federal afirmou que o caso será tratado como um atentado terrorista, o que aumenta a pressão sobre os órgãos de investigação.

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