O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, comentou sobre a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, afirmando que ela representa um "novo começo" para as relações entre os dois países. Desde 2019, Venezuela e EUA não mantêm relações diplomáticas, após o regime chavista ter rompido os laços com Washington durante o primeiro mandato de Trump. Em declaração feita em um programa transmitido pelo canal estatal de televisão VTV nesta quarta-feira (6), Maduro indicou que o resultado das eleições é uma oportunidade para ambas as nações restabelecerem uma nova dinâmica.
Maduro fez questão de ressaltar que, durante o primeiro governo de Trump, as relações entre os dois países não foram bem-sucedidas. Ele afirmou que a vitória do republicano pode representar uma chance de recomeço, com o objetivo de garantir que tanto os Estados Unidos quanto a Venezuela possam prosperar. Para o presidente venezuelano, a administração de Trump agora tem o potencial de criar um ambiente mais positivo para o desenvolvimento de ambos os países.
O ditador também falou sobre a disposição de seu governo em estabelecer relações de "trabalho conjuntas" com qualquer pessoa ou nação interessada em investir na Venezuela. Em suas palavras, ele tem demonstrado essa abertura a "todos os americanos" que visitam o país. Ele afirmou que esse tipo de colaboração é desejado, especialmente porque a Venezuela continua sob as duras sanções impostas por Washington, que afetam principalmente a indústria petrolífera, a principal fonte de receita do país.
Maduro expressou também a ideia de que, com o retorno de Trump à Casa Branca, o presidente norte-americano tem agora uma "oportunidade de ouro" para buscar soluções para as guerras e conflitos internacionais, além de estabelecer uma relação respeitosa com os países da América Latina. O presidente venezuelano ressaltou que sua nação nunca interferirá nos "assuntos internos dos Estados Unidos", enfatizando que seu governo não pratica "intervencionismo".
Defendendo o princípio da soberania, Maduro afirmou que a Venezuela, assim como a América Latina em geral, tem a capacidade de encontrar suas próprias soluções, sem a necessidade de imposições externas. "As soluções para a América Latina estão na América Latina, e as soluções para o futuro da Venezuela estão na Venezuela", afirmou ele, fazendo uma clara referência à postura política de seu governo, que busca garantir independência e autonomia frente à pressão externa, especialmente por parte dos Estados Unidos.
Durante o mandato de Trump entre 2017 e 2021, as relações com a Venezuela foram marcadas por tensões e confrontos. O ex-presidente norte-americano foi um dos principais críticos do governo de Maduro, chamando-o de "ditador" e impondo diversas sanções econômicas. Uma das ações mais significativas de Trump foi a imposição de restrições ao setor petrolífero da Venezuela, o que afetou gravemente a economia do país. As sanções visavam pressionar o regime de Maduro e apoiar a oposição interna que buscava depô-lo.
Em resposta a essas sanções, Maduro constantemente acusava o governo dos Estados Unidos de tentar desestabilizar o país e interferir em seus assuntos internos. Por outro lado, o ex-presidente Trump procurava isolar o regime venezuelano no cenário internacional e apoiar figuras da oposição, como Juan Guaidó, que se proclamou presidente interino da Venezuela em 2019, contando com o apoio de várias nações, incluindo os Estados Unidos.
Agora, com a reeleição de Trump, Maduro tenta adotar uma postura mais conciliatória, buscando criar uma nova agenda que possa beneficiar a Venezuela. A aproximação de Maduro com a administração Trump pode ser vista como uma tentativa de reverter a situação econômica difícil do país, mas também de buscar uma reavaliação das políticas externas que anteriormente resultaram em um isolamento internacional para a Venezuela.
Por sua vez, Trump ainda não se pronunciou oficialmente sobre a situação na Venezuela, mas é esperado que ele, se mantiver sua postura de pressão econômica, continue com a linha dura contra o regime de Maduro. As sanções e políticas externas dos Estados Unidos em relação à Venezuela podem, portanto, ser um dos temas centrais nos próximos anos de sua presidência.
A complexidade das relações entre a Venezuela e os Estados Unidos é uma questão central para o futuro político e econômico da América Latina. O que se vê agora é um cenário de expectativa sobre como esse "novo começo" sugerido por Maduro se desenrolará, especialmente diante da resistência interna e internacional que ainda existe contra o regime chavista.