O presidente argentino Javier Milei se envolveu em uma polêmica ao propagar, durante um discurso na noite de quinta-feira (7), uma informação falsa sobre uma suposta compra da CNN pelo empresário Elon Musk. Milei citou a notícia, que, na verdade, era uma pegadinha publicada pelo site de humor SpaceXMania, conhecido por criar conteúdos fictícios sobre temas do momento. A confusão gerou críticas e colocou em questão a responsabilidade do líder argentino ao compartilhar informações sem verificação prévia, especialmente em discursos oficiais.
Em sua fala, Milei referiu-se à CNN como “aquele canal imundo” e afirmou que a emissora passaria a cobrir melhor as ações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, agora que estaria, supostamente, sob a direção de Musk. “Você verá que as decisões tomadas por Trump serão melhor repercutidas, porque hoje o Musk comprou aquele canal imundo que era a CNN”, afirmou Milei, sem perceber que estava se baseando em uma fake news. A fala ocorreu em meio a uma série de elogios ao governo de Trump e a uma crítica aberta ao que chamou de “imprensa parcial”.
A história fictícia publicada pelo site SpaceXMania descrevia a compra da CNN por Elon Musk em um tom irônico e exagerado, algo típico de portais satíricos. No entanto, alguns leitores e veículos de comunicação passaram a compartilhar o conteúdo como se fosse uma notícia verdadeira, levando à desinformação. O UOL e o portal argentino Infocielo esclareceram o equívoco, alertando sobre a origem humorística do conteúdo e ressaltando a necessidade de verificar fontes antes de divulgar informações tão impactantes.
A repercussão negativa entre jornalistas e o público foi imediata, com muitos criticando a postura do presidente argentino. Especialistas apontam que o episódio expõe a vulnerabilidade de figuras públicas em relação a fake news, especialmente em tempos em que a polarização política e as redes sociais facilitam a disseminação de desinformação. A fala de Milei também destacou um apoio indireto ao empresário Elon Musk, que recentemente tem expressado opiniões polêmicas sobre liberdade de expressão, imprensa e controle de informações nas redes sociais, especialmente após sua aquisição do Twitter.
Embora não tenha se retratado publicamente até o momento, o gabinete do presidente argentino emitiu um breve comunicado afirmando que Milei se baseou em uma informação “aparentemente confiável”, mas que a notícia se mostrou infundada. “Estamos verificando todas as fontes e lamentamos a propagação de informações inverídicas”, dizia o comunicado, sem detalhar como a notícia chegou ao conhecimento do presidente.
O episódio ocorreu num contexto político tenso, especialmente após a recente eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, um evento que repercutiu fortemente na Argentina. Milei e Trump compartilham uma visão política semelhante, marcada por críticas à imprensa tradicional, ao Estado regulador e ao socialismo. Essa proximidade entre as ideologias de ambos tem levado Milei a apoiar Trump publicamente em diversas ocasiões, ressaltando que o novo presidente americano poderá trazer benefícios para as relações com países sul-americanos.
Analistas de mídia e política veem no caso uma ilustração clara dos riscos que líderes correm ao comentar assuntos de grande repercussão baseados em rumores. Embora a prática de criar notícias falsas como forma de sátira não seja nova, o advento das redes sociais potencializou o alcance dessas pegadinhas, que podem ser interpretadas como reais por audiências amplas. Esse fenômeno, segundo especialistas, pode levar a confusões graves, especialmente quando autoridades públicas dão crédito a essas informações.
A suposta “compra” da CNN por Elon Musk gerou uma série de reações no público. Enquanto alguns seguidores de Milei apoiaram o comentário, reforçando críticas à mídia tradicional, outros manifestaram surpresa pela falta de verificação da fonte. Nas redes sociais, internautas dividiram opiniões entre críticas à imprudência de Milei e ironias sobre a confusão. Entre as críticas, muitos destacaram que figuras públicas devem prezar pela cautela ao citar informações não verificadas, uma vez que isso pode comprometer a credibilidade de seus discursos.
Não é a primeira vez que uma figura pública cai em uma pegadinha envolvendo Elon Musk. O empresário, que é dono da Tesla, SpaceX e do Twitter, frequentemente aparece como personagem de notícias fictícias devido ao seu estilo excêntrico e sua postura controversa em relação a temas como a liberdade de expressão e a regulamentação da mídia. Musk, porém, não comentou diretamente o incidente com Milei, mantendo-se distante da repercussão gerada na Argentina.
O caso de Milei reflete um problema mais amplo que afeta políticos em várias partes do mundo: a pressão de responder rapidamente a temas populares sem a devida confirmação dos fatos. A velocidade de informações nas redes e a natureza global das notícias exigem maior responsabilidade e cautela por parte de líderes, que precisam evitar disseminar dados não verificáveis. O episódio reacendeu o debate sobre a importância de uma imprensa bem-informada e o papel da checagem de fatos, especialmente em um momento em que a confiança na mídia e nas lideranças políticas está em níveis baixos em muitos países.
Diante da repercussão, espera-se que o governo argentino intensifique a verificação das informações antes de incluí-las em pronunciamentos oficiais. A lição deixada pela confusão serve como um alerta, reforçando a importância de confirmar fontes e o impacto que a desinformação pode ter na reputação de figuras públicas e na credibilidade das instituições.