No último sábado (16), o ministro Alexandre de Moraes voltou a ser tema de críticas e análises contundentes após um artigo publicado pelo jornal Estadão. Intitulado Os vícios incontroláveis de Moraes, o texto apontou uma série de atitudes que, segundo o veículo, configuram desvios de conduta do magistrado, colocando em xeque sua atuação como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O foco das críticas recaiu principalmente sobre a postura do ministro após as explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
De acordo com o artigo, Moraes demonstrou novamente uma “incontida vaidade” ao se antecipar às investigações e fazer associações diretas entre o homem-bomba que atentou contra o STF e os atos ocorridos em 8 de janeiro. Para o jornal, o ministro voltou a se portar como um “juiz universal da democracia”, ao pontificar publicamente sobre os eventos antes mesmo de qualquer julgamento formal. Essa postura, avalia o Estadão, fere a imparcialidade esperada de um magistrado, especialmente alguém que ocupa uma das cadeiras da mais alta Corte do país.
A publicação também traçou paralelos entre a conduta de Moraes e a do ex-juiz Sergio Moro, que teve sua imagem maculada por envolvimento político enquanto comandava a Operação Lava Jato. Segundo o texto, Moraes segue o mesmo caminho ao usar sua posição para se projetar politicamente e consolidar uma narrativa própria sobre a defesa do Estado Democrático de Direito. O jornal destacou que essa “arrogância institucional” pode comprometer ainda mais a credibilidade do STF perante a sociedade.
Outro ponto de destaque no artigo foi a crítica à loquacidade de Moraes, considerada excessiva. O texto afirma que a opinião pública não deve ser influenciada por declarações de ministros do Supremo sobre eventos de repercussão nacional, especialmente em situações de grande comoção social, como foi o caso do atentado. Para o Estadão, o que os magistrados têm a dizer deve ser restrito aos autos dos processos. Fora disso, o posicionamento público é interpretado como uma tentativa de moldar narrativas e exercer influência política indevida.
O artigo também mencionou as recorrentes tentativas de Moraes de centralizar discussões sobre a regulação das redes sociais, tema que, segundo o veículo, cabe exclusivamente ao Congresso Nacional. De acordo com a publicação, Moraes utiliza episódios como o atentado para reforçar sua agenda política e ampliar seu poder dentro do Judiciário, promovendo um controle que extrapola os limites estabelecidos pela Constituição. A insistência do ministro em debater o tema publicamente é vista como um exemplo de como ele confunde sua atuação jurídica com interesses políticos.
Ainda segundo o texto, o comportamento de Moraes não se limita ao caso específico do atentado, mas reflete uma “escalada autoritária” que já se manifestou em outros episódios, como os inquéritos das fake news, das milícias digitais e dos atos antidemocráticos. O jornal criticou o que classificou como “atropelo de ritos processuais” e o uso de métodos questionáveis na condução dessas investigações. Para o Estadão, Moraes transforma críticos legítimos em inimigos do STF e da democracia, intensificando a polarização política no país.
Apesar das críticas, o artigo admitiu que algumas decisões do STF e do Tribunal Superior Eleitoral foram fundamentais para proteger a democracia brasileira em momentos críticos. No entanto, o texto fez questão de pontuar que tais medidas não justificam excessos ou desvios de conduta. Para o jornal, a atuação de Moraes e de outros ministros deve se restringir às suas funções constitucionais, evitando interferências políticas que comprometam a imparcialidade do Judiciário.
A reação ao artigo foi imediata, dividindo opiniões nas redes sociais e entre analistas políticos. Enquanto críticos de Moraes veem o texto como uma confirmação de seus alertas sobre o autoritarismo do ministro, seus defensores consideram que ele apenas cumpre seu papel de proteger a democracia contra ameaças internas e externas. Essa controvérsia reflete o atual cenário político brasileiro, marcado por tensões entre as instituições e uma sociedade profundamente polarizada.
Além disso, as explosões na Praça dos Três Poderes reacenderam debates sobre segurança pública, liberdade de expressão e a regulação de discursos na internet. O episódio também trouxe à tona discussões sobre os limites do poder judicial em uma democracia, colocando Moraes mais uma vez no centro de um furacão político e midiático.
Com um tom crítico, o artigo do Estadão evidencia a complexidade da atuação do Judiciário em um momento de grande instabilidade política no Brasil. Enquanto Moraes continua a ser elogiado por alguns como um guardião da democracia, as críticas apontam para os riscos de concentrar tanto poder em uma única figura, desafiando os próprios princípios democráticos que o STF deveria proteger. A tensão entre o papel institucional do ministro e suas atitudes públicas parece longe de um desfecho, mantendo a figura de Alexandre de Moraes sob os holofotes e como alvo constante de polêmicas.