Sem precisar citar nome, Bolsonaro desmoraliza Gleisi


 Nesta segunda-feira, 11 de novembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro gerou repercussão ao compartilhar uma indireta nas redes sociais que parece direcionada à presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann. Sem mencioná-la nominalmente, Bolsonaro postou a frase “A amante está nervosa” no X (antigo Twitter), o que muitos interpretaram como uma provocação direta à deputada. A declaração faz referência a um apelido controverso atribuído a Gleisi na “lista da Odebrecht”, um documento revelado no contexto da Operação Lava Jato.


A publicação de Bolsonaro aconteceu após uma reação veemente de Gleisi a um artigo recente assinado pelo ex-presidente, intitulado “Aceitem a Democracia”. No texto, Bolsonaro argumenta que o crescimento da direita no Brasil e no mundo é uma expressão de escolhas democráticas que a esquerda, segundo ele, insiste em não respeitar. O ex-presidente destaca o retorno de Donald Trump como exemplo de uma tendência mundial em favor de políticos de direita, sugerindo que esse avanço reflete a vontade popular e o descontentamento com governos progressistas. Bolsonaro afirma que a esquerda tem enfrentado dificuldades em aceitar esses resultados, o que para ele é uma atitude antidemocrática.


Gleisi, por sua vez, não economizou nas críticas ao artigo, comparando a postura de Bolsonaro a “um assassino defendendo o direito à vida”. Segundo ela, o ex-presidente não possui autoridade moral para falar de democracia, uma vez que foi acusado de liderar manifestações antidemocráticas no Brasil. Em sua resposta, Gleisi reiterou que Bolsonaro foi responsável por fomentar divisões sociais, incitar discursos de ódio e promover desinformação em massa. Ela ainda fez questão de lembrar dos atos de 8 de janeiro, os quais, na visão dela, tiveram o incentivo direto ou indireto de Bolsonaro, colocando em risco as instituições democráticas do país.


Bolsonaro e Gleisi vêm trocando farpas há algum tempo, com a deputada frequentemente se posicionando contra as políticas e posturas do ex-presidente, principalmente em temas relacionados à pandemia, educação e direitos sociais. Bolsonaro, por sua vez, tem mantido seu estilo provocador nas redes sociais, reforçando suas críticas ao PT e ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Essa última troca de declarações ocorre num momento delicado para ambos os lados. Bolsonaro ainda enfrenta investigações sobre o suposto envolvimento em atos antidemocráticos, enquanto o PT se encontra no centro de várias discussões envolvendo pautas de governo que dividem a opinião pública.


O artigo de Bolsonaro, “Aceitem a Democracia”, foi compartilhado por diversos apoiadores nas redes sociais e teve ampla repercussão na base conservadora. Nele, o ex-presidente sustenta que há uma resistência da esquerda em aceitar o protagonismo da direita na política nacional e internacional, argumentando que a alternância de poder é parte fundamental do processo democrático. Segundo ele, líderes como Donald Trump e outros políticos de direita estão voltando ao cenário político justamente por atenderem às demandas de uma população cansada de medidas progressistas. Bolsonaro acredita que, ao atacar esses líderes, a esquerda estaria demonstrando uma postura antidemocrática, desrespeitando a soberania das urnas e a vontade popular.


A provocação de Bolsonaro foi amplamente discutida nas redes sociais, onde apoiadores e críticos debateram o teor de suas declarações. Alguns interpretaram a expressão “A amante está nervosa” como uma tática de Bolsonaro para instigar seus seguidores e enfurecer os opositores. A frase acabou gerando uma onda de memes e discussões, com defensores do ex-presidente usando a expressão para reafirmar o apoio à sua postura de enfrentamento.


Por outro lado, a declaração de Gleisi foi recebida com apoio entre os eleitores do PT e simpatizantes da esquerda, que condenaram o comentário de Bolsonaro como sendo desrespeitoso e misógino. Para muitos, o ex-presidente estaria desviando o foco das questões centrais e tentando desqualificar adversários por meio de ataques pessoais. A troca de farpas entre os dois políticos alimenta a polarização entre direita e esquerda, evidenciando como ambos os lados utilizam as redes sociais para mobilizar suas bases e ampliar a influência sobre o público.


A declaração de Bolsonaro também reforça sua estratégia de manter a narrativa de que a direita está sendo perseguida e incomoda a esquerda. Nos últimos meses, o ex-presidente tem adotado uma postura combativa, defendendo o que chama de “valores da família e da liberdade” e criticando iniciativas que ele considera como tentativas de cercear as liberdades individuais. Essa linha de atuação segue seu padrão político e retórico, com o qual ele ganhou apoio ao longo de sua trajetória.


A resposta de Gleisi também deixa claro que o PT não está disposto a recuar nas críticas ao ex-presidente. A deputada já afirmou em outras ocasiões que o partido continuará vigilante quanto aos discursos que considera ameaças à democracia e aos direitos humanos. Além disso, Gleisi enfatizou a necessidade de combater o que ela considera “discursos de ódio” e “desinformação”, que segundo ela, têm sido prejudiciais para a coesão social no país.


A troca de declarações entre Bolsonaro e Gleisi ilustra o nível de tensão que ainda persiste na política brasileira. A disputa pelo apoio popular, principalmente nas redes sociais, mantém acesa a rivalidade entre as duas figuras e os partidos que representam, PT e PL. A controvérsia é um reflexo de como o Brasil continua dividido em torno de questões políticas e ideológicas, com figuras como Bolsonaro e Gleisi desempenhando papéis centrais no cenário atual.
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