STF e Lula: “Reuniões secretas e o desespero de quem sabe que está na corda bamba”


 O cenário político brasileiro tem sido marcado por tensões crescentes entre os poderes da República, e as recentes movimentações envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adicionaram ainda mais complexidade a essa trama. Em artigo publicado pela Gazeta do Povo, o deputado federal Marcel van Hattem traz à tona uma série de questionamentos e críticas sobre reuniões sigilosas, decisões controversas e narrativas que, segundo ele, buscam perpetuar um estado de controle autoritário sob o pretexto de proteger a democracia.


No centro da discussão está uma reunião ocorrida em 13 de novembro, no Palácio da Alvorada, envolvendo figuras de alto escalão, como os ministros do STF Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Cristiano Zanin; o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues; o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet; e o próprio presidente Lula. Este encontro, que não constava na agenda oficial do chefe do Executivo, foi revelado apenas devido à explosão de um artefato nas proximidades da Praça dos Três Poderes. Para van Hattem, a falta de transparência e a natureza clandestina do evento levantam sérias dúvidas sobre as intenções por trás de tal reunião. Ele questiona: "O que faziam, às escondidas, as supostas vítimas e os pretensos investigadores de episódios que têm sacudido a República?"


O deputado também traça um paralelo entre este episódio e as conversas trocadas na época da Lava Jato, usadas como argumento para minar a operação e justificar a soltura de líderes políticos condenados por corrupção. Ele sugere que, se mensagens de texto foram suficientes para comprometer uma das maiores investigações anticorrupção da história do país, uma reunião presencial como essa deveria levantar ainda mais suspeitas.


A narrativa oficial apresentada pelas autoridades, que inclui uma suposta trama para assassinar o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, foi recebida com ceticismo pelo parlamentar. Ele compara o episódio ao "Plano Cohen", utilizado em 1937 como justificativa para o golpe que instaurou o Estado Novo sob o comando de Getúlio Vargas. Van Hattem aponta inconsistências na história, como o fato de que informações sobre essa suposta conspiração já eram conhecidas pela Polícia Federal há mais de um ano, desde a apreensão do celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. "Por que somente agora tais revelações vieram à tona?", indaga.


Além disso, ele destaca a ausência de apoio internacional ao Brasil durante a realização do G20, mesmo com a alegação de que o plano de assassinato foi descoberto na mesma semana do evento. Para van Hattem, isso demonstra o enfraquecimento da narrativa governamental perante a comunidade internacional e evidencia a falta de credibilidade das autoridades brasileiras na condução desse caso.


O artigo também critica as ações recentes da Polícia Federal, descritas como "ilegais" e "desesperadas", e aponta para uma tentativa de consolidar uma narrativa de golpe como forma de justificar a manutenção no poder de figuras envolvidas em controvérsias. Segundo o deputado, a cobertura da mídia nacional, com raras exceções, tem servido como um instrumento para repetir essas narrativas sem a devida investigação ou questionamento.


Van Hattem defende que, até o momento, não há evidências de que Jair Bolsonaro tenha embarcado em qualquer plano inconstitucional. Pelo contrário, ele afirma que as conversas privadas entre militares próximos ao ex-presidente indicam uma preocupação com a preservação do Estado de Direito e da democracia, ao mesmo tempo em que expõem as práticas autoritárias do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Censura, perseguição política e ordens ilegais são as verdadeiras ameaças ao sistema democrático brasileiro", argumenta.


O parlamentar também aponta fatores externos e internos que, em sua visão, estão contribuindo para a escalada das tensões. A vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas e sua posse iminente como presidente dos Estados Unidos são mencionadas como possíveis catalisadores para mudanças na política internacional que podem afetar o Brasil. Internamente, a iminente troca de comando na Câmara dos Deputados e no Senado pode modificar o equilíbrio de poder no Congresso, trazendo incertezas sobre os rumos políticos do país.


Van Hattem conclui seu artigo com uma análise sobre o que pode acontecer nos próximos meses. Ele prevê turbulências, mas acredita que a forma "atabalhoada" com que as autoridades têm conduzido suas ações pode levar a uma perda definitiva de credibilidade perante a população. Para ele, o Brasil está em um momento decisivo, onde abusos de poder precisam ser expostos e combatidos para que o país retome o caminho do respeito às instituições e à democracia.


As palavras de van Hattem refletem a insatisfação de uma parcela significativa da sociedade com os rumos tomados pelas instituições brasileiras. A relação entre os poderes segue marcada por desconfianças e confrontos, enquanto o país observa atentamente os desdobramentos desse complexo e delicado cenário político.

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