A Polícia Federal deflagrou, na manhã deste sábado (14/12), uma operação para cumprir mandados judiciais expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da investigação que apura a tentativa de um suposto golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Entre os alvos da operação está o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL) na última eleição. O general foi preso em Copacabana, no Rio de Janeiro, e ficará sob custódia do Exército.
A medida judicial contra Braga Netto é parte de um mandado de prisão preventiva, além de dois mandados de busca e apreensão e uma medida cautelar diversa da prisão contra outros investigados. O objetivo da ação, segundo a PF, é evitar que os acusados continuem atrapalhando a produção de provas e a instrução processual penal. As diligências foram autorizadas após indícios de obstrução à Justiça, com suspeitas de que envolvidos estariam tentando ocultar informações relevantes ou intimidar testemunhas durante o curso das investigações.
Braga Netto, de acordo com as apurações da Polícia Federal, figura como peça-chave na articulação de dois dos núcleos de atuação do suposto grupo responsável pela trama golpista. O relatório da PF, cujo sigilo foi derrubado recentemente, detalha que ele integrava o “Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado” e também participava do “Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas”. Esses grupos, segundo os investigadores, teriam como função incitar o apoio militar à tentativa de ruptura institucional e executar ações planejadas para impedir a posse de Lula.
As acusações contra Braga Netto incluem o uso de sua influência para pressionar outros militares, sugerindo medidas coercitivas contra os que se posicionavam contrários ao plano. Além disso, o general também teria sido responsável por articular ataques pessoais contra lideranças militares que resistiram às investidas, visando minar o comando das Forças Armadas.
O inquérito que investiga a tentativa de golpe foi intensificado no último mês, quando a Polícia Federal indiciou 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros nomes de destaque do governo anterior, como Augusto Heleno e Anderson Torres. Entre os indiciados, também figura Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL). As acusações incluem os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
A prisão do general Braga Netto ocorre em um momento decisivo para o desdobramento do caso, já que os investigadores trabalham para consolidar provas que sustentem as acusações de tentativa de golpe e identifiquem todos os envolvidos nos planos. Além disso, a PF busca esclarecer as responsabilidades individuais dentro dos núcleos de atuação.
Os desdobramentos da investigação têm revelado uma série de elementos que apontam para a existência de uma organização estruturada com objetivos claros de inviabilizar a posse do presidente eleito. Essa estrutura, segundo a Polícia Federal, teria contado com a participação de setores militares e civis, cada um desempenhando funções específicas dentro do plano.
O episódio marca mais uma etapa na série de medidas judiciais adotadas pelo STF e pelas autoridades responsáveis, em meio a um cenário político polarizado. A prisão de uma figura tão relevante como Braga Netto aumenta ainda mais a tensão política no país, especialmente entre apoiadores e críticos do governo Bolsonaro.
Por sua vez, o Exército Brasileiro ainda não emitiu um posicionamento oficial sobre a custódia de Braga Netto, mas é esperado que a instituição siga os trâmites determinados pela Justiça. A prisão preventiva do general reacende o debate sobre o papel das Forças Armadas no contexto político recente e os limites da atuação militar em um regime democrático.
Além de Braga Netto, a operação realizada nesta manhã teve alvos adicionais. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a outros investigados e, em uma medida cautelar diversa, também impôs restrições a um dos envolvidos, cuja identidade ainda não foi revelada. A expectativa é que novas informações sejam divulgadas ao longo do dia.
A investigação da Polícia Federal tem contado com o apoio de outras instituições, como o Ministério Público Federal e o STF, para garantir que as diligências sejam realizadas sem interferências. A prisão do ex-ministro é vista como uma resposta dura ao que o Judiciário classifica como tentativas de ruptura democrática. Enquanto o caso avança, analistas políticos avaliam que as próximas semanas serão decisivas para o desfecho do inquérito e para o cenário político brasileiro.
O general Braga Netto, até o momento, não se pronunciou sobre a prisão, e sua defesa ainda não apresentou um posicionamento público. A operação segue em andamento, com a expectativa de novos desdobramentos ao longo dos próximos dias.