O ex-presidente Jair Bolsonaro está apostando em mudanças no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar reverter sua inelegibilidade e disputar as eleições presidenciais de 2026. A informação foi divulgada pelo colunista Paulo Cappeli, do portal Metrópoles. Segundo a publicação, a estratégia de Bolsonaro está baseada na nova composição do tribunal, que será alterada em agosto de 2026, trazendo nomes que podem favorecer o ex-presidente em sua tentativa de retorno à política.
Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, comentou sobre a expectativa em torno da futura presidência do TSE, que será assumida pelo ministro Kassio Nunes Marques. Além disso, a entrada de André Mendonça e Dias Toffoli no colegiado do tribunal é vista como um fator que pode trazer um cenário mais favorável para a família Bolsonaro. Em entrevista, Eduardo afirmou que, embora a futura composição do TSE não traga privilégios, ela será “muito mais equilibrada do que com Alexandre de Moraes”. Moraes, atual presidente do tribunal, tem sido uma figura central em decisões contrárias aos interesses do ex-presidente, especialmente no processo que resultou em sua condenação à inelegibilidade.
Eduardo Bolsonaro destacou ainda que considera Dias Toffoli “mais equilibrado” e “menos ideológico” do que a atual presidente do TSE, a ministra Cármen Lúcia, que foi decisiva no julgamento de Bolsonaro. Toffoli assumirá a vaga de Cármen Lúcia na Corte, o que, segundo Eduardo, pode ser um ponto a favor do ex-presidente. Ele também mencionou que o tribunal será liderado por Kassio Nunes Marques, nome indicado pelo próprio Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020, o que reforça a expectativa de maior receptividade às demandas da defesa do ex-presidente.
Questionado sobre como pretende reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro citou a possibilidade de apresentar novos fatos e ações rescisórias, instrumentos jurídicos que podem ser usados para tentar modificar decisões já transitadas em julgado. Ele comparou a situação de seu pai com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que conseguiu recuperar seus direitos políticos após decisões favoráveis da Justiça. “Sempre há como [ingressar com pleitos judiciais]. Lula estava preso e inelegível. Aqui é Brasil”, afirmou Eduardo, indicando que o cenário político no país é dinâmico e suscetível a mudanças.
A condenação de Jair Bolsonaro pelo TSE ocorreu em junho de 2023. O tribunal entendeu que o ex-presidente cometeu abuso de poder político e utilizou indevidamente os meios de comunicação ao promover uma reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em junho de 2022. Na ocasião, Bolsonaro colocou em dúvida a integridade do sistema eleitoral brasileiro, o que, segundo o tribunal, teve caráter eleitoral e favoreceu sua campanha à reeleição. O voto decisivo para a inelegibilidade foi dado pela ministra Cármen Lúcia, que classificou o evento como “eleitoreiro” e ressaltou o uso inadequado da estrutura pública para promover desinformação sobre as eleições.
A condenação foi um duro golpe para Bolsonaro, que agora precisa lidar com os desafios de permanecer relevante no cenário político enquanto busca reverter a decisão judicial. Para Eduardo Bolsonaro, a estratégia não se limita ao âmbito jurídico, mas também envolve a mobilização de seus apoiadores e a aposta em uma mudança no cenário político e judicial nos próximos anos. A chegada de 2026, com uma nova configuração no TSE, é vista como um marco importante nessa tentativa de reabilitação política.
A composição atual do TSE, liderada por Alexandre de Moraes, tem sido um obstáculo para os interesses de Bolsonaro, especialmente diante do histórico de confrontos entre o ex-presidente e o Supremo Tribunal Federal (STF), ao qual o TSE está vinculado. Moraes tem atuado de forma enérgica em ações relacionadas a ataques às instituições democráticas, incluindo investigações contra aliados do ex-presidente. Com a troca de cadeiras no tribunal, a expectativa da defesa de Bolsonaro é de que o cenário se torne mais favorável, ao menos no que diz respeito à possibilidade de discutir a reversão da condenação.
A aposta de Jair Bolsonaro e seus aliados reflete o clima de incerteza que permeia a política brasileira. A inelegibilidade do ex-presidente, somada a investigações em curso contra ele, como as que envolvem o caso das joias recebidas da Arábia Saudita, trazem desafios que podem complicar ainda mais sua posição. No entanto, Bolsonaro continua sendo uma figura central no bolsonarismo, movimento político que mantém significativa base de apoio no país.
Enquanto isso, a oposição observa com atenção os desdobramentos dessas articulações, destacando que a decisão do TSE em 2023 foi fundamentada em provas e respaldada pelo colegiado. Para os críticos de Bolsonaro, a tentativa de reverter sua inelegibilidade é mais uma demonstração de sua dificuldade em aceitar as decisões das instituições democráticas. Já para seus apoiadores, a aposta na nova composição do TSE é vista como uma oportunidade de corrigir o que consideram ser uma injustiça contra o ex-presidente.
O cenário de 2026 ainda está distante, mas as movimentações políticas e judiciais em torno da inelegibilidade de Jair Bolsonaro devem continuar ocupando espaço no debate público nos próximos anos.